"A dor é dona da sabedoria e o saber amargo. Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade fatal." - Lord Byron





sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Lúcifer (o anjo caído)


Lúcifer


E se vendo caído em desgraça,
Recolheu suas longas asas brancas,
Cabisbaixo, abandonou a própria luz que dele refletia,
Deixando para trás o ser que não era mais.
Em seu coração não havia a paz de antes,
Mas somente o ódio pela vergonha de agora.
Renegado pelos seus e exilado nas trevas de nossa ignorância,
Sofre o eterno castigo por sua malfadada rebelião.
Daquele anjo magnífico apenas uma lembrança,
A história contada pelos séculos sobre um ente que se perdeu,
Traído pela cegueira da prepotência e arrogância.
(Ilustração do Google.com)

Reflexoes sobre o fim do mundo


Reflexões sobre o fim do mundo



Não consigo entender a cabeça dessa gente pequena que tem pavor da liberdade. Não consigo compreender a razão do seu apego às aparências que, defrontadas com a luz, se perdem em sua insignificância pueril. O que aconteceu com o homem durante esses séculos todos? A cada momento que passa a humanidade vai se perdendo em sua própria sombra. Vamos caminhando a passos largos diretamente para as profundezas do caos. E nada parece fazer com que recobremos a razão perdida. Nem mesmo o sofrimento de milhares de outros seres humanos. Nem mesmo a devastação do planeta.

Talvez agimos dessa maneira porque o vazio que carregamos no peito nos impele a esses atos medonhos de loucura. Talvez sejamos uma espécie de animal, que mesmo dotado de consciência e de inteligência, não consegue deixar de ser bárbaro também. Basta olharmos para traz para vermos os rastros de sangue e destruição que estamos deixando por onde passamos.

Provavelmente o fim do mundo não venha como castigo divino, mas sim por causa de nossa arrogância, crueldade, ganância e intransigência.

Crucificado (Segundo uma testemunha)



Crucificado

Do alto do Seu sofrimento,
Com Suas chagas expostas,
Podia pôr um fim a esse tormento.
Bastava ao mundo virar as costas,
Como Lhe havia pedido o Anjo Caído,
E ficar com aqueles que o amavam,
Nada teria sofrido.
Mas no fundo de Sua alma Ele sabia,
Que o Seu fim assim seria.
Segundo pregavam os profetas,
O plano para Ele já estava traçado,
Para encontrar a verdade no coração do homem,
Naquele local deveria ser sacrificado.
Não importava a Sua inocência,
Nem tão pouco o que pensava.
Dos poderosos assustados com a sua vinda não teria benevolência.
Filho sem pai por uma virgem posto neste mundo,
Blasfêmias e calunias proferiu por onde andou,
Dizia Ele ser o Messias, Aquele tão esperado,
Segundo os sacerdotes não era mais que um vagabundo,
Impostor que devia ser exemplarmente castigado.
Até mesmo por um dos Seus,
Após três vezes o galo cantar em público foi renegado.
Levado à presença de Pilatos,
Preferiu ficar calado a pedir clemência,
Deixando o representante de César sem paciência.
Ao Sinédrio dos Judeus foi devolvido,
Sendo como um bandido recebido.
Naquela tarde maldita,
A turba contra Ele bradava,
O chefe do Templo mais que depressa,
Manipulou a plebe para à Barrabás libertar em seu lugar,
Crucificado foi a sentença que Lhe imputaram,
Humilhado carregou a sua cruz, subindo o Golgota para nela ser pregado.
Entre dois ladrões aguardou a morte,
Sem mágoa, Ele perdoou os que Lhe condenaram.
Empoleirado a distância,
Acompanhei a sua dor.
Lá embaixo os poucos que ficaram choraram de amargor,
E eu, este pobre abutre que voz fala,
Testemunha desse triste acontecimento,
Aguardei paciente sem nenhum constrangimento,
A hora de fazer do corpo dos dois salafrários,
Que morreram pregados ao seu lado,
Minha bendita refeição.

(Ilustração do Google.com)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O MONSTRO DENTRO DE MIM


O monstro dentro de mim

Quando a noite cai e finalmente a luz se vai,
É nessa hora maldita que ele do seu esconderijo sai.
Em muitas terras é proibido pronunciar seu nome,
Dizem que assim não despertam a sua fome.
Mas a verdade pelos tempos se perdeu,
E hoje, na penumbra da escuridão,
Quem toma a sua forma monstruosa sou eu.


(Ilustração do Google.com)

sábado, 23 de janeiro de 2010

MOSCAS



Moscas

Os medíocres tomaram conta do mundo. Como uma praga sua mediocridade e imbecilidade se espalham. Adotadas como estilo pelos boçais são cultuadas como algo inovador. Em toda parte, das grandes metrópoles às pequenas cidades do interior, do centro às periferias do “império”, encontramos seus seguidores. Gente preguiçosa que não gosta de pensar. São como moscas atraídas pelas fezes e outros excrementos. Na mídia idiotizada para fabricar mais idiotas ainda se apresentam discorrendo sobre suas filosofias de privada, falando de suas vidas inventadas e dos dramas que não existem. Isso em cores e em alta definição, na internet e na televisão eles estão lá, disputando os sagrados 15 minutos de fama. Para esses indivíduos das bobagens globalizadas o cérebro não tem muita importância, o que vale são os corpos “sarados”, os músculos, os seios de silicone e o tamanho da bunda. Temos “modelos” para todos os gostos duvidosos e assim o mau gosto não acaba. Na música, então, nem se fala. Um monte de porcaria que vira sucesso da noite para o dia graças aos jabás que as gravadoras injetam nas “empresas de comunicação”. O incrível é que tem cada vez mais gente querendo ser mosca para ter um lugar ao sol nesse lixo todo. E para ser mais uma mosca, antes o individuo tem que se tornar um verme.

(Ilustração do Google.com)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Revolução!


Revolução!

O que me deixa amargurado,
É essa vida mutilada,
Onde os poucos tomam tudo,
E os muitos não fazem nada.
Alguns me acusam de pessimista,
Outros mais propensos às intrigas,
Dizem que sou comunista.
Olho ao redor nesta terra de riqueza,
E o que vejo em meio a tanta roubalheira,
São crianças sendo prostituídas pela pobreza.
Os políticos, desses muitos são canalhas,
Apenas prometem o que não fazem,
Porque é assim que funciona esse negócio,
Nós trabalhamos a troco de migalhas,
Para que essa gente vendida viva feliz em seu ócio.
Vivendo essa bruta realidade,
Que da maioria tira a dignidade,
Em minha mente só me vem uma solução,
Devemos nós, os que somos diariamente explorados,
Nos unirmos em mutirão e sem covardia fazer a revolução.
Mesmo que em nossa luta o sangue seja derramado,
Isto já acontece todos os dias,
Sempre com o filho do pobre, sendo suspeito é assassinado.
Vamos dar um grande basta às elites e sua ilusão,
De que o país está bem como afirmam na televisão.
Sem a nossa força de trabalho o mundo deles vem abaixo,
Esta é a grande verdade,
Tudo depende da gente,
É assim no campo, é assim na cidade.




(Ilustração Google.com)

Eu


Eu

Fruto não quisto de um primeiro olhar,
Que do macho sedento ficou a fêmea a espreitar,
Dos encontros escondidos onde lindas palavras foram ditas aos ouvidos,
Enquanto mãos “furiosas” apalpavam os rijos seios,
Iniciando sem remorso o contato mais intimo,
Em que a mulher já conquistada se entregou sem receios,
Deitada na penumbra o recebeu em doces gemidos,
Sentido ela os movimentos repetidos da haste rubra dele oriunda,
Precipitando nela num fogoso instante o ejaculado liquido fecundo,
Que ela por dentro inunda,
De onde numa corrida sem platéia,
Cujo prêmio pela vitória foi-me dado o óvulo profundo,
Mais tarde, mergulhado naquela geléia, transformado em feto,
No útero alimentado, passado o tempo certo,
Das entranhas fui retirado,
Assim, depois de tudo isto, aqui estou eu agora,
Criatura por este mundo entristecida,
Daquela minúscula vida de outrora,
Carne pelos anos envelhicida,
Esperando paciente pela morte deste corpo doente,
Que no início era uma semente,
Para livre, enfim, deste inferno terrestre ir-me embora.

(Ilustração do Google.com)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Criatura da Noite


Criatura da Noite

Nas noites mais escuras,
Pelas vias sem iluminação,
Espreita a criatura,
Vai se esgueirando pelas sombras,
Seguindo o seu faro,
Ela não descansa até encontrar,
Mais uma vitima,
Sedenta de sangue se arrasta,
Ninguém imagina que tal ser possa existir,
Dizem que isto é superstição,
Seus olhos vermelhos vasculham a escuridão,
Em sua boca o desejo de sangue,
Em qualquer lugar ela pode estar esperando,
Há tempos que os jornais dizem que pessoas estão desaparecendo,
Você pode não acreditar,
A criatura é imortal,
Os livros sagrados descrevem a sua fome,
Que por séculos os incrédulos vem devorando,
Conversa fiada você diz,
Com a sua aparência inocente,
Disfarçada ela se move,
Seus lábios escondem a morte,
Mas tenha certeza,
Não precisa ser hoje,
Continue sendo o idiota que você é,
Agindo como se fosse o cara mais desejado,
Dando em cima de todas nas madrugadas,
Mais cedo ou mais tarde,
Ela ainda vai te pegar.


(Ilustração do Google.com)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Apocalipse


Apocalipse

Do alto do seu trono de sangue,
Idolatrada pelos que nos exploram,
Bajulada pelos generais,
Armada com as armas deles,
A Besta esmaga populações inteiras ...
A ira preconceituosa de todos os séculos está viva,
Degola os indefesos e os indesejáveis,
Oprime a liberdade em nome da ordem,
Maldita cobiça, origem de toda a violência,
A ganância transformada em filosofia.
Sim, a verdade é um soco na cara.
O inferno é aqui!
Nós somos os demônios,
Nossos próprios carrascos,
Bombas que explodem em toda parte,
Crianças mortas, fome, miséria, pestes,
Fanáticos religiosos, falsos líderes políticos,
Mentiras e desculpas esfarrapadas,
O Apocalipse já começou !


(Imagem do Google.com - vítimas da invasão norte-americana do Iraque)

Amantes ( a liberdade por um momento)


amantes (a liberdade por um momento)

ela observa o rapaz de seu esconderijo,
o rapaz sabe que é observado.
os dois sabem o que desejam naquele
momento.
a música ... a escuridão... o beijo...
mãos que se tocam, que dançam sobre o corpo,
corpos que se esfregam, que buscam calor.
eles brincam, falam coisas de amor.
são livres, donos de seus sentimentos,
amam, aproveitam o eterno prazer do gozo
profundo.
o rapaz a observa deitada.
ela sente que é observada.
livres nesse momento,
os dois sabem o que rola na cabeça dessa
gente carente.
gente que tem medo da liberdade,
da vida e do amor.
eles estão juntos agora,
mas o amanhã é sempre uma incógnita.


(Ilustração "Os Amantes" de Nicoletta Tomas.)

Vidas Desperdiçadas


Vidas Desperdiçadas

Folhas secas, árvores mortas.
O rio que não corre mais, desolação.
A natureza perdida em nossas mãos,
Que criam a violência, dor, destruição.
Seres humanos, animais violentados pela falta, pela procura,
pelo silêncio da solidão,
Pelas marcas da dúvida, da culpa.
O ódio fabricado, atiçado, instigado.
Vidas desperdiçadas,
Enganos que atravessam os séculos,
Mentiras, corrupção, a felicidade que não existe,
A verdade sempre escondida, adulterada. Corpos mutilados.
O vento frio que sopra em nossas consciências vendidas,
Congelando corações e mentes,
Esfriando sentimentos.
Tudo sempre em pedaços,
Nós e mais alguém, todos.
Vícios, crimes e paixão,
Sexo, dinheiro e religião..
Os vícios que cultuamos, os exageros que cometemos,
Poluindo os inocentes que ainda não chegaram,
Lágrimas...
Nossos pensamentos, nossos desejos, nossas vidas
Nossas falhas, nossos amores,
Abandonos e despedidas.
Flores e espinhos.
Sempre mais espinhos,
Velhas canções esquecidas,
Livros amontoados, empoeirados,
Portas lacradas em nossas mentes doentes,
Sempre alienadas da realidade,
Essas falsas vitórias que comemoramos.


(Ilustração Google.com)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O canto das Sereias (uma lenda mais que antiga)


O canto das Sereias (uma lenda mais que antiga)

Na ilha onde o mal eterno habita,
Mesmo a imensidão dos mares a desgraça não evita,
Sentadas nuas sobre as rochas,
Pacientemente pelos desafortunados esperam elas,
Entoando os seus cantos mágicos,
Essas mulheres das profundezas,
Para aqueles que a elas se rendem,
Os fins são sempre trágicos.
Até o mais valoroso marinheiro,
Por mais forte e corajoso que seja,
Dos lábios malignos dessas diabas do mar,
Um delicioso beijo almeja,
Não tem como escapar.
Quando ao longe surge um navio,
Uma a uma se jogam nas águas e começam a nadar,
Fazendo com que todos no barco,
Percam o controle e em seus braços queiram ficar.
Donas de grande formosura,
De seios fartos e redondos,
Na verdade são seres sem piedade,
Cuja beleza maligna esconde toda a sua crueldade.
Coitados aqueles que caem em seus encantos,
Desses pobres enfeitiçados sobram apenas as carcaças,
E suas almas em prantos,
Vagam agora pela praia atormentadas,
As naus que não afundam,
Pelos recifes da ilha acabam destroçadas,
E desde os tempos mais remotos,
Que esse mal ali existe,
Famintas observam o horizonte,
Sabem que sua longa espera vai terminar,
Em breve mais carne terão para sua fome saciar.

(Na ilustração do Google.com ao lado as sereias atacando o barco de Ulisses durante seu retorno a Ítaca, depois de ter participado da guerra contra os troianos. Para saber mais sobre as aventuras de Ulisses também chamado por Odisseu leia a Odisséia, de Homero.)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

No Coração da Tribo


No coração da tribo


No centro da aldeia o pajé conta suas histórias,
Acendendo o cachimbo, dando longas baforadas,
Fala de épocas passadas,
De lendas, batalhas e vitórias.
Os curiosos curumins sentados à beira da fogueira,
Ouvem tudo com preciosa atenção,
E os mais velhos saudosos recordam aqueles tempos em que a tribo era uma grande nação.
Épocas remotas sem o homem branco e sua ambição,
Que com ela trouxe as armas da morte, suas pestes, mentiras e escravidão.
Agora, sua cultura em frangalhos depois de ser violada, dela quase não se sabe mais.
O espírito sagrado da floresta, Tupã seu protetor, dos seus corações pela força dos homens da cruz foi arrancado. E no vazio que ficou um deus estranho pelos brancos foi colocado.
A miséria é tanta que até os mais jovens sentem vergonha de ser índio. Querem fazer as coisas do jeito que os brancos fazem.
Olhando ao redor o pajé triste fala,
Que nestes tempos de desolação,
A tribo não tem mais lugar neste mundo mudado,
As florestas vão sendo derrubadas,
Cercas de arame são fincadas,
Os animais desaparecem,
Pelos fazendeiros vão sendo aniquilados,
Para o gado que dá dinheiro aqui poder pastar,
E nas terras que antes eram nossas a soja vai tomando o lugar,
Desconsolado outro fala enquanto se levanta,
Que o futuro da tribo é só de aflição,
Não temos mais Tupã e os espíritos da mata,
Que antes nos davam sua proteção,
Hoje só a arrogância dessa gente de gravata,
Se dizendo amigos do índio,
Nos humilham e maltratam.


(Ilustração do Google.com)

Farinelli


Farinelli


Farinelli canta;
Com a força de mil
Demônios, Sua paixão,
Seus temores, Sua revolta, Seu segredo.
Sua voz rompe as trancas do passado chegando à minha alma,
Encontra-me aqui, refém desta amargura.
Eu e Farinelli,
Na escuridão de nossos sofrimentos,
Vítimas da agonia de não poder mudar o que foi feito,
Somos iguais,
Quase que a própria reencarnação.
Farinelli canta com a dor do corpo mutilado,
E eu sofro por estar neste mundo,
Porque assim fui obrigado.

Ilustração do Google.com - Farinelli (nasceu em Andria, 24 de janeiro de 1705 — faleceu em Bolonha, 15 de julho de 1782), como era conhecido Carlo Maria Broschi, foi um lendário cantor castrato do século XVIII, o mais popular e bem pago cantor de ópera da Europa em sua época.)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

CRÔNICA: REFLEXÕES


Crônica: Reflexões


Sentado na varanda dos meus pensamentos vejo o tempo correr como um cavalo selvagem em disparada. Deixando sonhos distantes, perdidos nos vastos campos do passado. Dos amores que antigamente me deixavam feliz agora não consigo recordar de nenhum.
Os demônios que me atormentavam na juventude ainda continuam por aqui espreitando das sombras. Mas já têm consciência que a eles jamais me renderei. O céu da tarde vai sendo tomado pela fúria rubra do entardecer. As nuvens, aos poucos, vão se tornando um tapete voador de brasas vivas esperando pelos passos da lua que, timidamente, já surge no horizonte trazendo com consigo o manto estrelado da noite.
Dizem que estou envelhecendo. A verdade é que todos nós estamos. Assim que nascemos neste mundo pegamos uma estrada de mão única, sem espaço para retornos. Uns param pelo percurso e, no final das contas, nada mais faz diferença. Na singularidade da carne enterrada somos todos iguais.
Sinto não ter tido coragem de assumir alguns riscos a mais. De não ter dito à algumas pessoas o que meu coração desejava. Infelizmente é tarde demais. Outros até hoje duvidam a minha fé. Mas se não fosse ela talvez não tivesse vencido todos os obstáculos que encontrei pela frente.
O problema dessa gente doente é que confundem a fé com os seus deuses de barro e templos de areia. Neles jamais acreditei.
Na estante os muitos livros que li são testemunhas da minha busca por respostas. E os discos amontoados num canto deixaram minha tristeza mais alegre com os seus riffs de guitarras. “Its a long way to the top of rock and roll” – Foi no rock and roll que encontrei um pouco de paz para o espírito inquieto que me acompanha.
Os poucos amigos e amigas que fiz nestes anos também me ajudaram muito. Graças as tormentas que enfrentamos juntos pude conhecer os que realmente se preocupavam comigo. Os interesseiros e as interesseiras, esses foram ficando para trás.
E quando eu pensava que iria acabar sem ninguém, ela apareceu para me dar o seu calor.
Sim! O alazão do tempo corre decidido. Já posso sentir a brisa leve da noite acariciando o meu rosto enrugado. As nuvens antes raivosas agora deixaram o céu livre para as estrelas brincarem de piscas-piscas e a grande lua cheia reinar absoluta em seu trono até o próximo amanhecer. Antes que o fim seja uma realidade preparo outra dose de uísque para brindar pelos melhores momentos que tive.
É o mínimo que posso fazer. Obrigado então!
Tenho certeza que nos encontraremos até a próxima aventura que vier. Porque a morte é apenas mais uma fase pela qual todos nós, aventureiros do universo, temos que passar para nos encontrar e descobrir o que somos intimamente.

(Ilistração do Google.com)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A Maldição do Lobo


Lobo

A carne mais uma vez em minha boca,
O sangue ainda quente manchando minhas mãos,
No céu sempre ela a me seduzir,
Seu feitiço que não acaba,
Nessas noites de lua sempre me controla,
Sofro eternamente esta maldição,
De dia sou homem,
Quando o sol se vai,
Aí não sei mais.
Toda a lua cheia o monstro se liberta,
Meu Deus não agüento mais!
E aqui estou eu,
Rosnando sobre mais uma vítima,
Que sem piedade matei.
A carne fresca em minha boca,
E o sangue quente escorrendo pelas mãos.

(Ilustração do Google.com)

O Pecado Original


O Pecado Original

Adão e Eva viviam inocentes no Paraíso,
Que Deus para eles havia criado,
Coisas da carne desconheciam,
Em seus corações desejos assim não cabiam.
Até que num dia infernal,
Espreitando do seu esconderijo,
A serpente invejosa fez um sinal.
O casal curioso sem perceber a maldade latente,
Atendeu ao chamado daquele viscoso animal.
Ele e ela sempre nus ficavam,
E a víbora maldosa, dando-lhes a fruta que era proibida,
Os fez conhecer o que antes era uma verdade que não imaginavam.
Depois de cada um ter dado a sua mordida,
Toda a inocência entre eles foi perdida.
Adão viu Eva toda despida, como ela era então,
Pelo corpo nu daquela virgem ele logo sentiu atração.
A mulher, primeiro ficando envergonhada,
Não demorou a se sentir desejada,
Ouvindo os conselhos da serpente,
Eva se fez ainda mais atraente,
Indo para perto daquele homem robusto,
Com quem ela há muito vivia,
Mas até aquele momento sobre essas “coisas” ainda nada sabia.
Com um sorriso de malícia nos lábios,
Esfregando seu corpo no dele,
Deitada no chão o recebeu inteiro.
Dando gargalhadas de alegria,
Vendo o que a mulher com o homem fazia,
Pendurada no galho da árvore daquela fruta roubada,
As consequências dos seus atos a serpente não temia,
A sua punição dos céus não demoraria,
O anjo vingador, com sua espada, suas pernas e braços cortaria,
Sem seus membros para andar,
Pelos caminhos que escolher ela terá que se arrastar.
Enquanto que o casal de pecadores,
Perdeu o lar e tudo que no Paraíso tinham.
Eva, como lembrança de suas prazerosas descobertas,
O sangue daqueles deliciosos momentos de suas entranhas sempre brotará,
Castigo não só dela, mas de todas as suas filhas e netas,
Que pelos séculos prosseguirá.
E para Adão, que se entregou às volúpias da carne sem arrependimento,
O sofrimento do trabalho, para ele e sua família,
Assim será o seu bem dito alimento,
Mas não é aqui que tudo termina,
Seus filhos essa chaga com eles levarão,
E não tardará que por causa da inveja,
Fruto desse Pecado Original,
Irmão matará irmão,
Sendo isto uma verdadeira maldição,
Que será sempre cumprida, sem cessar,
De geração em gerão,
Leve o tempo que levar.
Isto é o que nos dizem os homens da igreja,
Para nos "livrar de todo o mal",
Suas palavras não podemos contestar,
Caso contrário o Papa e seus vigários,
Dos templos sagrados vãos nos expulsar,
E, perdidos sem salvação,
Nas chamas do inferno
(criado por eles e perpetuado pelos seus lacaios),
Nossas pobres almas arderão.
Tantas bobagens escritas,
Dogmas cuidadosamente formulados,
Apenas com um objetivo: Os manter nas Hostes malignas do poder
e, todos nós, meros mortais,
Sempre obedientes e conformados,
Uns mais outros não,
Porque, como tem que acontecer,
Como Cristo mesmo disse,
Os mercadores do templo têm que desaparecer,
Para que a verdade possa prevalecer.

(Ilustração do Google.com)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desabafo contra o caos


Desabafo contra o caos

No caos em que jogamos nossas vidas,
Deste mundo que transborda veneno,
A paz não existe mais,
E as riquezas que poderiam ser de todos,
Por cada vez mais poucos vão sendo apropriadas.
A felicidade de hoje existe apenas nas propagandas de marketing,
Onde “pessoas” estão sempre sorrindo depois de comprar tal produto,
Ou trocar o seu carro velho pelo modelo do ano.
A alienação chegou num ponto tão alto que nem percebemos o que estamos fazendo e, pior, deixando de fazer.
O modelo que “seguimos” é aquele onde a nossa massa critica não precisa funcionar. Afinal, para que gastar tempo pensando e analisando o que é melhor para todos nós se alguns espertos (os chamados especialistas) pagos para nos “guiar” já fizeram isso pela gente?
Eu não sei de vocês, mas não posso aceitar esse tipo de vida que mais parece um filme onde os mortos voltam ao mundo na forma de zumbis. E zumbis é o que mais vejo por aí. Encontro com eles no meu trabalho, nas ruas, nas lanchonetes, cinemas e às vezes até nas conversas de família. Ninguém parece ter vontade própria. Tudo é pré-determinado e assim deve ser cumprido.
Alguns me chamam de chato, radical e de pessimista. Mas algo me diz que não estou errado.

(Ilustração do Google.com)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Caolho Bucaneiro


O Caolho

O caolho observa do seu canto,
Segurando a taça de vinho com uma das mãos,
A morena que por ele passa.

Com o seu único olho,
Segue o esplendor daquele roliço corpo de pele dourada,
Desejo por quem seu coração se agita em disparada.

Quando ela por ele resvala,
Sente por inteiro o perfume que seu lindo corpo exala,
Em contraste com o seu cheiro de marinheiro,
Que tem preso ao corpo o odor do oceano inteiro.

Cofiando a longa barba,
Entorna o vinho tinto pela garganta,
Sem, no entanto,
Perder de vista os quadris da razão do seu encanto.

Chamando a mulher com um sinal,
Pede ele mais uma taça de vinho,
Imaginando-a despida de todo aquele linho.

O caolho que me causa espanto,
Pelas agruras do mar judiado,
Agarra a mulher acochando-a no canto,
Mesmo assim tão feio,
Um tanto afobado,
Beija a morena sem nenhum rodeio.

A mulher desejada,
Sem se fazer de moça rogada,
Corresponde ao sujeito,
Fazendo-lhe carinho em sua barba.

Com seus grandes olhos escuros,
Ela fita aquele único olho,
E com um sorriso malicioso,
Beija novamente o caolho.

Abraçando-a fortemente,
Aquele estranho viajante,
E a mulher que mais parece uma cigana,
Agora formando um casal,
Somem dali indo para o quarto dela,
Para saciar seus desejos numa cama velha.

De minha mesa, protegido pela sombra,
Não acreditei em tal cena,
Como pode uma mulher assim tão bela,
Entregar-se aos caprichos de um sujeito daqueles modos,
Que a trata bruscamente como a uma "cadela".
Pois o sujeito, muito mal vestido,
Pela reação do dono da taberna,
Parecia ser mais que um simples marinheiro,
Aquele caolho fedorento,
Depois fiquei sabendo,
Era um pirata, assassino dos sete mares,
Um legitimo corsário,
Bandido bucaneiro.

O Sofrimento de Um Pecador


O Sofrimento de um pecador

Ergo minha face cansada procurando pelos olhos de Deus,
Na esperança de encontrar a luz que me livre da escuridão.
Sofro meu castigo neste umbral,
Pecador é o que sou!
E os pecados que cometi condenaram minha alma ao eterno sofrimento.
Arrependido, espero pela Sagrada redenção para poder aliviar a dor que consome meu coração. Prostrado de joelhos, caído em desgraça,
Peço-lhe fervorosamente pelo perdão.
As lembranças dos meus crimes não me deixam ter paz.
Em vida fiz o que queria, agora morto, sem corpo, aqui estou perante Ti, Senhor.
Seja qual for Tua decisão a receberei humildemente como uma graça.

Inocência (nossos crimes de infância)


Inocência (nossos crimes de infância)


A criança inocente corre feliz pelo quintal,
Sentado no chão arranca entusiasmado as flores do jardim,
Anjinho da mãe querido, por Deus protegido de todo o mal,
Olhando para o lado, encontra um ratinho tentando fugir,
Contente pelo achado,
Sem se dar conta da sua força,
Quebra o pescocinho do pobre animal,
Vendo que o bichinho não mais se move,
Chorando ele se levanta e corre,
Segurando firme aquele corpinho morto,
Com as roupinhas sujas de sangue,
Vai se esconder atrás do velho cercado,
Soluçando o filho mimado,
Esconde no vão da cerca o brinquedo,
Que sem querer por ele foi quebrado,
Assim, sem nenhum peso na consciência, deixa o pequeno cadáver de lado,
Indo pegar as borboletas que passam voando.
Corre olhando para cima,
Tropeçando numa pedra em seu caminho,
E o joelho acaba machucando.
Caído choramingando pela a avó ele chama,
Que mesmo de longe, daquele moleque, ela não descuida.
Pegando-o no colo a velhota o levanta com carinho,
Sem imaginar que mesmo tão novinho,
Já é um assassino aquele menino.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A Garrafa


A Garrafa (a verdadeira companhia das bebedeiras)

Estou acabando comigo mesmo. De gole em gole a minha vida se desfaz. A culpa é do vicio que me domina. Sim, sei que sou um fraco. Mas neste mundo de incertezas quem pode ser diferente? Afinal todos têm os seus vícios. Alguns os escancaram, outros fazem de tudo para mantê-los escondidos. Não tenho vergonha em dizer os meus. Aliás, não tenho vergonha de mais nada. Meus amigos de outrora dizem que mudei. Que não sou mais o mesmo. Por esta razão se afastaram de mim. Que se danem então! De amigos assim não preciso. Agora ando apenas comigo.
De taberna em taberna esvazio as garrafas. E, para piorar ainda mais o meu conceito moral, me acabo com as damas dos prostíbulos, onde sei que esses falsos amores namoram apenas o conteúdo da minha carteira. De tudo isto que lhe digo só uma certeza. Hoje, meu amigo, a minha única companhia é esta garrafa. Quieta, ela me ouve sem contestar. Calada comigo passa o tempo me entorpecendo a mente e afogando minhas mágoas. Mas ao contrário dela, a ela não sou fiel. Assim que a esvazio logo peço outra para me esbaldar. E quando chega a hora do bar fechar levo-a comigo para passear. E, assim faço todos os dias varando noite a dentro. Porque meu caro, esta dor que mastiga meu peito eu não mais aguento.

(Poema soprado aos meus ouvidos durante um sonho) escrito em 04/01/2010.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Meretriz


Meretriz (uma ilusão)

Pela casa de madeira a velha triste se arrasta,
Cambaleante em seus passos de zumbi,
Mal vestida coberta de trapos passa o tempo
Jogando suas pragas ao vento.
Outrora mulher bela e desejada,
Da pele sedosa e perfumada,
Com os seios redondos e nariz empinado,
Agora um coração duro e o corpo murchado.
Com saudades recorda o glorioso passado,
Da época em que os homens endinheirados da região,
Pelos seus carinhos a procuravam,
E ela, soberba em sua beleza, para alguns sempre dizia não.
Dos muitos tostões que ganhou servindo de amante,
A vida de luxo e boemia a que estava acostumada
Dela tudo tirou.
No espelho de agora a verdade que machuca,
Reclamando solitária em seu sofrimento,
O peso terrivel em sua nuca,
Das dores e angústias que o cansado corpo sente,
Chorando calada pelo maldito presente,
Sabe a megera doente,
Prostrada num canto,
Que não lhe resta mais nada,
A não ser esperar pela morte em seu triste pranto.

Poema escrito em 03/01/2010 em Apucarana, Paraná, durante uma quente tarde de domingo.

sábado, 2 de janeiro de 2010

LÂMPADA QUEIMADA


A lâmpada queimou.
E queimada,
atrapalhou a minha vontade
de ler. Deixou-me,
essa “coisa morta”, tateando na escuridão.
não
posso ,
por culpa dela,
percorrer os campos de “Guerra e Paz”,
espiar a “Alcova”do Marquês,
fugir do “Gato Preto”,
espantar “O Corvo”,
regar as “Flores do Mal”,
contar “O Capital”,
chorar com “Ana Karinina”, beijar
“ A Mulher de 30 Anos”,
ouvir as parábolas do “Semeador”,
vestir “A Blusa Amarela”, conversar
com “O Poeta- Operário”,
passear com “O Pescador e Sua Alma”.
essa lâmpada que não “lâmpeia” nada, escureceu a minha noite,
me obrigando a dormir mais cedo.

Chega!


mais uma garrafa
eu não agüento.
mais uma garrafa,
eu me arrebento.
mais uma garrafa,
eu me encontro;
tenho medo disso,
então,
chega !!!







Escrito pelo meu velho amigo de Arapongas (PR) comigo numa mesa de bar há muitos anos atrás.  Grande Giovani Michellete, bebemos todas nos botecos da cidade. Bons tempos.

HOMENAGEM PÓSTUMA - NATUREZA


“ NATUREZA "



Você é a flor, que a Natureza criou;
Com perfume e beleza !.. tudo dê graça,
É flor no prado, que alguém plantou,
Igual à borboleta, que no campo esvoaça...

Sinto feliz; vendo esta beleza!..
Em momento extraído do coração,
Você, enfeite da perfeita Natureza !
Com alegria, cantarei a linda canção...

Esta flor a sorrir na madrugada;
Sorriso com alegria, que a Natureza tem,
Ao dançar, entre a verde amada
Faz sorrir, o coração d’alguém...

Flor Amiga ! Com a alma de encanto e pureza!
Com sincera amizade e eterno Amor !..
Lembrai deste cravo, escravo da pobreza ;
Se despreza-me, chorarei a triste dor.

(Autoria do velho Amigo Homero A. Gatti, falecido em 1996 aos 84 anos de idade, na cidade de Arapongas (PR) onde o conheci. Postei este poema em sua homenagem.)

SANGRIA DESATADA


corto minhas veias,
esparramo meu sangue
pelas ruas miseráveis
deste mundo ingrato,
cuspo em tuas asneiras,
em tuas mentiras, em
minhas lembranças.
arranco o coração
e o jogo em seu mar de lama, em sua cara !
grito com a boca
da dor
que
me consome,
mil e uma pragas contra
você.
quero acabar com essa minha sangria desatada,
para isso qualquer sacrifício me basta.
mesmo que
o preço seja o da própria
vida.
este mundo de ingratos não precisa
de mim !

PRISÃO


LI BERDADE NÃO É LIBERDADE
SEM A LIBERDADE DO ERRO,
LIBERDADE COM PRECONCEITOS
NÃO É LIBERDADE.
LIBERDADE SEM TER DIREITO AO
PRÓPRIO CORPO, AS NOSSAS VIDAS,
NÃO É LIBERDADE.
A NOSSA LIBERDADE É A ANTI-LIBERDADE,
A NOSSA LIBERDADE NÃO EXISTE,
NÃO SOMOS LIVRES.
A NOSSA PRISÃO É A LIBERDADE DELES!

COISAS DA VIDA


há coisas que a gente não consegue
entender,
coisas que machucam fundo...
há coisas, sinônimos de solidão e saudade,
nossas vidas rodeadas de certas e incertas
coisas,
nossos sonhos presos por certas coisas,
nem sempre somos os donos de nossas vidas,
nem sempre certas coisas são como planejamos,
mesmo assim o melhor é viver, amar e sonhar.
apesar de certas coisas serem incertas as vezes,
sempre serão certas coisas que não conseguiremos
entender...

PEDAÇOS


estou catando os pedaços,
todos deixados pelos cantos
da vida.
estou catalogando,
uma - a - um,
os pares e os Ímpares,
os maiúsculos e os minúsculos.
cada pedaço velho que encontro
é como reviver coisas e sentimentos,
reabraçar amigos e amantes.
pedaços brancos, azuis, amarelos, negros,
cor -de- rosa, vermelhos...
pedaços sempre vivos,
que eu não vou deixar morrer,
Perderem pelos caminhos,
Pedaços de minha vida,
minhas paixões...
...pedaços do inicio, meio e
fim ...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Discriminação


O negro trabalha seus sonhos,
Na lavoura,
O negro trabalha seus sonhos
Na fábrica,
O negro trabalha...

A cidade cresce,
A lavoura morre,
A fábrica fecha,
O negro sofre ...

A humilhação das favelas,
O preconceito erguendo muros,
Destruindo sonhos,
Matando com as armas da discriminação.

O negro chora,
A distância da mãe África,
A miséria forçada,
As mãos calejadas,
O amor que não tem...

O negro,
Para a onde vai o negro ?
Expulso da sociedade branca,
Das igrejas, das festas, dos clubes,
Das escolas, da liberdade, dos direitos,
Dos sonhos...

O negro trabalha,
Seu rosto molhado,
Seu olhar perdido,
Sua fé em Deus,
Seu amor pela terra,
Por está terra que o castiga exaltando
O seu samba, roubando a sua cultura,
Da hipocrisia social alimentando a sua fome.

Quando um amor acaba


Quando um amor acaba

Quando um amor acaba,
Eu sei que a dor nasce com o seu fim,
É sempre assim,
Não nos resta nada a fazer,
Chorar, beber, tentar esquecer...

Os dias ficam tão ruins,
O teto parece desabar ,
O castigo da saudade perfura a razão,
Quando um amor acaba,
É sempre assim,
Viver se torna tão...

Quando um amor acaba,
É hora de iniciarmos outro,
Nos embriagarmos com o sabor do vinho fresco,

Quando um amor acaba,
Não acaba a nossa vida, o mundo e seus prazeres. Quando um amor acaba não devemos acabar com ele.

Palavras Perdidas


palavras ditas ao vento,
do tempo posto às nossas vidas,
enquanto velhas lembranças balançam
perdidas por aí...
amores que não morrem nocauteados pelo
álcool fétido de todas as amarguras.
palavras que são sempre palavras,
todas tortas, indigestas, quase mortas
jogadas ao vento,
ao diabo que as carregue,
não há como negar ao desgraçado senhor do tempo
o tempo perdido de nossas vidas.
tempo que nos deixa para trás e que as
palavras, não importa onde e quando,
serão sempre palavras vomitadas ao
vento,do tempo posto às nossas vidas mundanas,
mal amadas, tão solitárias.
tão palavras perdidas, simplesmente, desperdiçadas.

GUERRAS (O Imperialismo que mata)


Ouçam os passos da morte,
Vejam os seus uniformes reluzentes,
Verdadeiros heróis da Pátria Mãe,
Soldados prontos para a matança.
Sintam no ar o cheiro da pólvora,
Eles estão marchando, armados para a invasão.
Eles sabem que vão morrer, eles sabem.
Não verão os vencedores do jogo sujo,
Mas receberão as devidas homenagens dos seus generais,
Enquanto os seus senhores bebem chanpagne,
As metralhadoras disparam, cuspindo a morte.
Ouçam os passos...
Atropelando os nossos sonhos,
Bombardeando as nossas crianças,
Ouçam os gritos...
Enfeitando os campos com os corpos dos vencidos,
Com o sangue das mentiras.
Corpos caídos, pedaços de irmãos,
Vidas sacrificadas.
Sintam no ar o cheiro podre da ambição,
Eles estão morrendo por nada,
Por nada....
( e por tudo que não terão ! )

VÍRUS


O vírus devora o tempo
Consumindo a vida,
Destruindo sonhos e
Matando relacionamentos.
O vírus atravessa a escuridão
Apagando a beleza das flores,
Tirando o sorriso do olhar,
Abrindo as portas da morte.
Sepultando o prazer,
Provocando dor, levando amigos e amores.
O vírus, alimentando o preconceito com o sangue de todos nós.
Criando "monstros" dentro das pessoas,
Gerando o medo que nos separa,
Aumentando a ignorância que nos destrói...

Destino Final


Silêncio

Não vejo árvores em abundância,
Mas apenas cruzes e lápides espalhadas.
Recanto de dor e saudade,
Lar eterno da solidão.
Flores colocadas,
Nos vasos sobre os jazigos,
Daqueles que ali enterrados estão.
A paz que aqui reina,
Tem sua explicação,
Os moradores deste lugar
Não têm mais porque brigar,
Há muito tempo se foi dessa gente qualquer tipo de ambição,
O que resta agora é somente expiação,
Mesmo que alguns se recusem a aceitar o seu estado latente,
A vida corpórea deles não se faz presente.
Caminho cabisbaixo em sinal de respeito,
Leio nomes de antigos sujeitos,
Passo por parentes que ainda choram,
Sinto também a presença dos espíritos que aqui moram.
Em cada corredor deste lugar,
No concreto sem vida,
Das estátuas de anjos e santos,
Várias almas a murmurar.
Não visito ninguém em especial,
Apenas a minha curiosidade me guia,
Pois sei que eu aqui também acabarei deitado um dia.

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