TAMBORES

TAMBORES

as batidas
que batem no peito
repercutem no
infinito
tambores que
nos dão vida
quando tudo fica
em silêncio
apenas despedidas

Rui Amaro

CHAMAS

CHAMAS

no círculo uma fogueira
a chama que chama
e encanta o espírito
no círculo um desejo
uma vontade
as estrelas que brilham
das luzes que viajam
no círculo antigas verdades
prazeres escondidos
nossa natureza real
uma fogueira
chamas que nos chamam
eu, você, nós...
nos livros de ontem
os dias de hoje
e as noites de amanhã
não somos nada
além das sombras
que se perdem
pelo caminho
no círculo
o começo, o meio
e o fim

Rui Amaro Gil Marques

CIRCULO MÁGICO

CÍRCULO MÁGICO


venha dançar ao luar, rodar sem parar, venha a fogueira pular e os espíritos brindar, as estrelas dançam na escuridão, pequenos seres se encantam de luz, venha dançar, se libertar do peso da carne, entregue-se de volta à natureza, sinta a brisa sinta a vida sorrir, venha dançar ao redor das chamas infinitas, da terra para a terra como sempre foi e será, venha dançar
 aqui agora com respeito invoco seu espírito, dá água, do fogo e do ar, venha dançar, se libertar do peso da carne
 ao redor da fogueira eterna, nossa centelha essa chama profunda, venha dançar, entregue-se de volta à natureza, retorne de onde veio, sinta a brisa no roso, sinta a liberdade nas veias, venha dançar...
feche os olhos e ascenda aos céus, feche os olhos e abra a mente, deixe-me entrar, pegue em minhas mãos e venha
 o círculo no chão e as estrelas no céu, o círculo no chão e as estrelas no céu, portas que se abrem, ciclos que se fecham...
venha dançar, libertar-se do peso da carne, venha dançar
feche os olhos e venha, estou aqui

BOQUINHA

BOQUINHA

boquinha gulosa
sempre com fome
fazendo biquinho
de quero mais
quanto mais tem
mais quer
não para de se
lambuzar
nunca fica
enjoada
nem é egoísta
deixando-me seu
favinho de mel
onde
com gosto
minha língua
feliz dança


Autor Rui Amaro Gil Marques

FODA-SE!

FODA-SE!


Arranco do peito essa dor que me consome. Arranco-me da máscara que de mim se apodera. Sou eu agora, em carne viva, essa alma penada que se arrasta sem paz, que dá as cartas desse jogo sem fim. Malditos sejam os inocentes que ainda desconhecem as loucuras deste mundo. Não haverá descanso nem mesmo para os mortos. Aqui é o nosso inferno.  Foda-se!

MOLHADINHA

MOLHADINHA

suada do suor que escorre
molha
molhadinha que me
encanta
prendendo minha
atenção
roupa agarrada
me agarrando
pela imaginação
transpirando
desejo emoção
a boca seca
coração que dispara
fogueira acesa
tentação
seu sorriso
meu olhar
não precisamos
das palavras

Autor Rui Amaro Gil Marques

CARINHA DE ANJO

CARINHA DE ANJO

menina que parece santa
carinha de anjo
sorriso lascivo
mãos sem freio
boca faminta
viciada em mel
que se lambuza
se esbaldando
no licor
menina que não me engana
vejo-a por trás da máscara
fogosa e sacana
que não pensa duas vezes
com quem vai para
a cama
despudorada
quero-a sempre assim
bem safada


Autor Rui Amaro Gil Marques

MEL E LICOR

MEL E LICOR

abro-lhe inteira
carinhosamente
sem pudor
meus dedos
seu sabor
misturando
seu mel
e o meu licor


Rui Amaro Gil Marques

SEUS OLHOS

SEUS OLHOS

olho seus olhos
que sem disfarçar
olhando com fome
devoram
olhar fixo sem medo
cravado em meu
corpo
atravessando
a alma
me encontrando
no canto
meu esconderijo
cobertor da escuridão
sinto esses olhos
decifrando-me
abrindo meus segredos
revirando-me por dentro
desfrutando minha
nudez
possuindo-me
devastando a razão


Autor Rui Amaro Gil Marques

AMAR BASTA QUERER

AMAR BASTA QUERER

Amar é tão simples
basta um olhar
um sorriso e despertar
abrir os olhos e enxergar
as cores por trás da dor
e do medo de voar
amar é como respirar
andar de bicicleta pedalar
tudo um dia acaba
e as lembranças se apagam
então temos que viver
o agora o quanto dá
basta querer para encontrar
nem tudo é escuridão
a luz está bem ali
nos jardins da vida
vamos brincar brincar de amar
tão simples basta um olhar
um sorriso despertar
ver o arco-íris dentro de nós
não ter medo de voar
assim como respirar
subir na bicicleta pedalar
sentir o vento no rosto
as folhas que balançam
o coração bater sem se importar
amar é assim não tem segredo
basta querer e viver
querer viver

Autor Rui Amaro Gil Marques

ERECTUS FALOS

ERECTUS FALOS

sem receio sem culpa
sinta o calor a pulsação
deslize os dedos
aperte
faça o que quiser
não tenha pressa
subindo descendo
indo e vindo
rubra intensa
que aumenta
cresce e arrebenta
alcançando o céu
da boca

Autor Rui Amaro Gil Marques

EU (ESTOU AQUI)

EU

ESTOU AQUI
desde antes
mesmo sem sol
sem lua
antes das palavras
dos segredos revelados
das coisas ainda
escondidas
observo
sei dos seus sonhos
brinco com seus medos
atiço desejos
manipulo sentimentos
uso sua carne
entro em sua mente
e pela sua boca
me revelo
sou eu quem falo
mas é você quem
paga
sinta a minha presença
meu calor
que lhe queima por dentro
essa fome sem controle
desesperada que lhe
devora
sou eu consumindo-a
aos poucos
sem pressa sem culpa
sem remorso
tenho vários nomes
falados em muitas
línguas
e mesmo assim
ninguém me conhece

Autor Rui Amaro Gil Marques

BRINQUEDO (ELA BRINCA)

BRINQUEDO 

ELA BRINCA
sem medo do brinquedo
brinquedo suas mãos
sorrindo sem pressa
agora não há nada
que a impeça
só sua imaginação
ela ofegante
no vai e vem
do coração
e num instante
não há mais brinquedo
só uma tremenda
excitação
doce gemido
da paz profunda
que explode num vulcão

Autor Rui Amaro Gil Marques

SENTADA

SENTADA
brasa viva
calor que chama
essa chama perfumada
perfume que inflama
imaginação
cheiro forte
tesão

Autor Rui Amaro Gil Marques

MEU SANGUE

MEU SANGUE
em sua boca sedenta
sua boca meu sangue
a língua livre vermelha
vermelha de sangue
desejos nossos
carne fresca
carne faminta
as dobras da pele
corpos sem culpa
mãos lambuzadas
dedos manchados
buracos...
seus lábios meu sangue
meu sangue seu prazer
sua carne meu gozo
o resto que se foda

Autor Rui Amaro Gil Marques

VOCÊ NUA

VOCÊ NUA

nua sob a lua
languida e lasciva
sem pudor viva
viva sem ilusões
nua de alma
livre de tudo
fora do mundo
nada de máscaras
promessas muito menos
nudez que afronta
incomoda os escravos
essa gente infeliz
que finge sorrir
sem amor sem calor
sem vontade
parasitas que nos devoram
roubam nossos desejos
matando primaveras
zumbis
você nua seu olhar
seu olhar minha nudez
nós dois o silêncio
não precisamos das palavras
apenas a carne fala

Autor Rui Amaro Gil Marques