"A dor é dona da sabedoria e o saber amargo. Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade fatal." - Lord Byron





segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

CRÔNICA: REFLEXÕES


Crônica: Reflexões


Sentado na varanda dos meus pensamentos vejo o tempo correr como um cavalo selvagem em disparada. Deixando sonhos distantes, perdidos nos vastos campos do passado. Dos amores que antigamente me deixavam feliz agora não consigo recordar de nenhum.
Os demônios que me atormentavam na juventude ainda continuam por aqui espreitando das sombras. Mas já têm consciência que a eles jamais me renderei. O céu da tarde vai sendo tomado pela fúria rubra do entardecer. As nuvens, aos poucos, vão se tornando um tapete voador de brasas vivas esperando pelos passos da lua que, timidamente, já surge no horizonte trazendo com consigo o manto estrelado da noite.
Dizem que estou envelhecendo. A verdade é que todos nós estamos. Assim que nascemos neste mundo pegamos uma estrada de mão única, sem espaço para retornos. Uns param pelo percurso e, no final das contas, nada mais faz diferença. Na singularidade da carne enterrada somos todos iguais.
Sinto não ter tido coragem de assumir alguns riscos a mais. De não ter dito à algumas pessoas o que meu coração desejava. Infelizmente é tarde demais. Outros até hoje duvidam a minha fé. Mas se não fosse ela talvez não tivesse vencido todos os obstáculos que encontrei pela frente.
O problema dessa gente doente é que confundem a fé com os seus deuses de barro e templos de areia. Neles jamais acreditei.
Na estante os muitos livros que li são testemunhas da minha busca por respostas. E os discos amontoados num canto deixaram minha tristeza mais alegre com os seus riffs de guitarras. “Its a long way to the top of rock and roll” – Foi no rock and roll que encontrei um pouco de paz para o espírito inquieto que me acompanha.
Os poucos amigos e amigas que fiz nestes anos também me ajudaram muito. Graças as tormentas que enfrentamos juntos pude conhecer os que realmente se preocupavam comigo. Os interesseiros e as interesseiras, esses foram ficando para trás.
E quando eu pensava que iria acabar sem ninguém, ela apareceu para me dar o seu calor.
Sim! O alazão do tempo corre decidido. Já posso sentir a brisa leve da noite acariciando o meu rosto enrugado. As nuvens antes raivosas agora deixaram o céu livre para as estrelas brincarem de piscas-piscas e a grande lua cheia reinar absoluta em seu trono até o próximo amanhecer. Antes que o fim seja uma realidade preparo outra dose de uísque para brindar pelos melhores momentos que tive.
É o mínimo que posso fazer. Obrigado então!
Tenho certeza que nos encontraremos até a próxima aventura que vier. Porque a morte é apenas mais uma fase pela qual todos nós, aventureiros do universo, temos que passar para nos encontrar e descobrir o que somos intimamente.

(Ilistração do Google.com)

Um comentário:

  1. Obrigada pela visita e elogio ao meu blog.
    Os seus também são bem interessantes.
    Escrevemos de forma bastante diferente, mas ambas são tocantes e especiais.
    Parabéns!!!

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O primeiro escritor que deu nome a tudo e criou o universo com as palavras.

O primeiro escritor que deu nome a tudo e criou o universo com as palavras.
Thoth (Djehuty), deus das escrituras, guardião do Olho de Hórus, criador das palavras, escriba dos deuses e grande escritor do universo.

O Olho de Hórus, o que tudo e a todos vê.