"A dor é dona da sabedoria e o saber amargo. Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade fatal." - Lord Byron





segunda-feira, 26 de junho de 2017

INVOCAÇÃO

INVOCAÇÃO
leia e sinta o poder das palavras
entregue-se às forças ao seu redor
cada palavra é uma chave 
portas do conhecimento vão se abrir
sua mente chegará ao universo
SATOR é a primeira aquela que faz sentido
em seguida seus olhos lerão
AREPO
sinta sua mente se abrindo
TENET que gira as fechaduras
agora você chegou na metade do caminho
prossiga sem medo venha
OPERAS o terceiro olho se abrirá
e a verdade será vista onde está
ROTAS estou aqui agora ao seu lado
depois de lidas os segredos desaparecerão
seus desejos serão realizados
sua máscara caíra e a sua verdade
a todos será visível
o poder aqui invocado não pode ser alcançado
sem devoção e lealdade
portando de sua boca jamais sairão mentiras
em sua vida não há mais lugar para a ilusão
em sinal de concordância apenas dê um sorriso
um sorriso e nada mais
e eu soprarei segredos em seus ouvidos 

domingo, 25 de junho de 2017

BONECOS DE CARNE

BONECOS DE CARNE 

Num canto
Largado de mim mesmo
Esquecido pelo mundo lá fora
Querendo esquecer
Vendo a luz indo embora
A boca seca
Garrafas vazias
Solidão premeditada
Celular desligado
Sou um fugitivo
Que agora se esconde de tudo
Tentando apagar as lembranças
Ao som de um velho blues
Consagrado nas encruzilhadas da vida
Perdido em meio a tantas feridas
Marcado assim como eu
Como você
Simples bonecos de carne
Manipulados pelo mestre dos brinquedos
Garrafas vazias
Corações quebrados

Tristeza apenas

CINZAS DO INFERNO

Cinzas do inferno

Olho ao redor
Fumaça gritos choros
Fogo caindo do céu
Chamas que atingem tudo
Queimando sonhos
Lágrimas inocentes
Corpos que ardem pelas ruas
Agora de nada vale a sua riqueza
Sua arrogância
O fogo vai transformar todos em cinzas
Nada mais importa
Nenhum poder pode salvar o mundo
É o fim       
Fogo caindo do céu

O inferno abre as suas portas

UM SÓ

NÓS UM SÓ

Envoltos em abraços frenéticos
Mastigados por bocas famintas
Molhados pelo suor que se mistura
Agarrados um ao outro
Entorpecidos pelos prazeres profanos

Nós dois agora um só

CORRENTES

CORRENTES

Você olha e não entende
Não sabe que a escuridão habita dentro de mim
Que essa tristeza toda tem causa
Ela me acompanha desde os mais antigos dos tempos
É uma chaga que rasga o meu peito
Uma dor que me consome sem piedade
Explicar o que sinto não vai adiantar
Suas perguntas e suas dúvidas vão desaparecer
Nada vai resistir a fúria avassaladora do tempo
Mas essa minha dor, ela vai permanecer
Esse é o meu castigo
É assim que devo passar pelos séculos
Arrastando minhas correntes
Como uma assombração
Um espirito perdido sem salvação
Não tenha pena dessa minha condição
Nem chore por mim
Suas lágrimas apenas se juntarão as minhas
Deixe me seguir sozinho essa danação

Talvez na outra vida tudo isso possa ter um fim

MUNDO CAOS E O ENIGMA DE FLORBELLA

MUNDO CAOS E O ENIGMA DE FLORBELLA


Rui Amaro Gil Marques



Ela estava deitada na banheira. A água morna cobria todo o seu corpo deixando escapar apenas os braços, que pendiam para fora recostados nos beirais.
Seu olhar, perdido no tempo e no espaço, focava o teto marcado pelo mofo e pela umidade. A boca aberta mostrava lindos dentes brancos em contraste com a língua roxa, que parecia querer escapar da garganta.  A pele branca se contrapunha com a sombra que cobria aquela cena, diga-se de passagem, digna de um clássico de suspense.
Sim, ela estava morta.  O sangue ainda brotava dos seus pulsos cortados. Caído não muito distante podia-se ouvir o celular chamando em desespero. Alguém tentava a todo custo falar com ela. Talvez impedi-la de cometer alguma loucura ou simplesmente uma de suas amigas querendo saber como foi o seu encontro da noite passada.
As horas passam sem dar a mínima para o que aconteceu a ela ou com quem quer que seja. Seguem seu ritmo como sempre fizeram mesmo antes do ser humano dividir o tempo e inventar os relógios na ânsia de controlar a vida.
O sangue escorria pelos pulsos usando os dedos como atalhos para chegar ao chão e  assim formar duas poças rubras marcando a presença da morte.
Roupas espalhadas e gavetas reviradas indicavam que alguém procurava por alguma coisa de valor. Sendo assim, pela lógica policial dos seriados tipo CSA, não teria sido um suicídio, mas sim um assassinato.
E se isso fosse comprovado quem seria, ou seriam, os principais suspeitos?  Que tipo de criminoso obriga a sua vitima a cortar os próprios pulsos e aguarda que ela morra lentamente enquanto revira seu apartamento?
Sobre a mesa uma garrafa de vinho tinto seco e duas taças pela metade, intocadas.  Ela não estava sozinha. 
Vamos imaginar que o assassino ou a assassina seja alguém que ela conhecia. Uma pessoa de quem ela confiava. Alguém muito próximo. Um amigo, amiga, um caso amoroso ou apenas mais um desses relacionamentos sexuais sem envolvimento afetivo mais intenso. Ou, para irmos além em nossas suposições talvez um cliente?
O fato indiscutível é que a linda mulher estava morta, seu corpo nu numa banheira e os braços estendidos para fora com os pulsos cortados por onde a vida lhe escapou.
Do outro lado da cidade um jovem enrola um baseado (cigarro de maconha) enquanto ouve com seus amigos uma seleção de músicas do Pink Floyd (uma banda de rock progressivo da Inglaterra).  Todos se concentram nas notas musicais viajantes de The Dark Side of the Moon sem se preocupar com o caos do mundo moderno.  

Sirenes tocam avançando sinais e bêbados vomitam pelas calçadas. Nas esquinas garotas e garotos  marcam presença junto a um grupo de prostitutas semi nuas que se oferecem para possíveis clientes ávidos por sexo e o que mais aparecer noite a dentro.

sábado, 24 de junho de 2017

VOCÊ

VOCÊ
engraçado lembrar de você agora
logo agora que estou pensando em
outras coisas 
coisas que não têm nada a ver conosco
comigo você e nossas histórias
histórias de ódio e amor
engraçado mesmo lembrar de você agora
agora que estou com outra guria
a cerveja me convida para mais um copo
sorrisos em minha direção
um olhar cheio de amor
e eu pensando em você
quando vou por um ponto final nisso?

sexta-feira, 23 de junho de 2017

VAMOS VOAR ( A VIDA PASSA RÁPIDO)

VAMOS VOAR
ouço você me dizendo bobagens
bobagens que não acabam
coisas sem nexo 
como você pode dizer tantas bobagens assim?
poxa gosto de você
tudo o que eu digo parece não fazer diferença
posso falar que te amo e mesmo assim
sempre brigamos sempre
não sei o que fazer
juro que já estou ficando sem paciência
enrolo mais um e tento fugir
bebo outra cerveja e mesmo assim
você continua
continua me pressionando
caralho!!!
o que tenho que fazer para que veja o \
meu amor?
quer saber vou deixar para lá
esquecer essas suas loucuras
desse jeito vou acabar ficando neurótico
tendo problemas de saúde
você é muito boa na transa
boa em todos os sentidos
maravilhosa mas mandona
mandona até de mais
pego mais uma dose
quero ficar doido
doido por sua causa
você é maluca e possessiva
maluca e possessiva
o telefone toca eu sei que é você
de madrugada assim
também não consigo dormir
caralho!!!
por que você age assim?
fica me vigiando controlando
quero abrir minhas asas e poder voar
quero voar mas você não deixa
tem medo de me perder
acredita que eu não volte mais
estou dizendo me ouça
amo você demais
só que me amo mais
amo minha liberdade
minhas asas abertas querem o céu
veja que lindo que é o universo
o mundo não é só isso que você conhece
se solte e venha comigo
deixe tudo para trás
a vida é uma aventura
sinta o vento no seu rosto
a liberdade batendo em seu peito
por que devemos nos contentar com pouco?
venha comigo abra suas asas
vamos viver

quinta-feira, 22 de junho de 2017

CELEBRAR

CELEBRAR
quando estamos felizes devemos
fazer o mundo sorrir
sorrir para que todos fiquem felizes 
e assim possamos celebrar
celebrar a felicidade mesmo que momentânea
nos abraçarmos sem medo
porque felicidade é o que mais valioso pode existir
do que vale a vida sem ela?
quanto estarmos felizes devemos
fazer o mundo sorrir
e sorrir com ele

UMA PEQUENA HISTÓRIA

UMA PEQUENA HISTÓRIA
prestem atenção
vou contar uma pequena história
talvez vocês se vejam nela
talvez não
na verdade isso não faz diferença
o importante é que todos me ouçam
ouçam essa história de épocas atras
foi bem assim que aconteceu
ele estava sozinho perdido no mundo
sem saber quem era
suas dúvidas consumiam os dias
e não pararam nas noites
quanto mais ele pensava
mais se questionava
quem sou perguntava
rabiscando coisas nas paredes
um dia ele não sabe de onde
aparece uma guria
uma guria linda de cabelos negros
olhos faiscantes com uma voz
que o hipnotizou logo de cara
ela se movia como o vento
e o seu cheiro parecia mel
fascinado ele se rendeu
seus lábios enfim tocaram os dela
e tudo mais aconteceu
prestem atenção nessa lição
uma pequena história
assim como a minha e as suas
mas a felicidade dura pouco
e quando veio o dia e o calor do sol
a solidão se fez presente novamente
dela não ficou nenhum sinal
ainda podia sentir o calor daquele corpo
o seu gosto reinava na boca
procurou desesperado revirando tudo
tirou tudo de lugar mexeu e cavou
quando não mais sabia o que fazer
ele então gritou
colocou para fora a imensa dor que o tomou
lagrimas saltaram sobre sua face
todo aquele encanto se foi
sofrimento e angústia
a vida se tornou um tormento
e para longe ele foi tentando fugir
tentando fugir da solução encontrada
deixou para trás o que ele era antes
agora vaga por ai procurando uma razão
buscando encontrar o motivo
não mais chorava apenas esperava
esperava pelo momento certo
sabia que em breve a luz viria
que poderia dormir em paz
lá de cima do monte podia se ver uma fogueira
deitado um homem observando as estrelas
silenciosamente sorriu quando a lua piscou para ele
fechando os olhos descansou e desse descanso
nunca mais voltou
conseguiu encontrar as respostas que procurava
e a nossa pequena história acaba aqui
uma história que poderia ser a minha e a de vocês
uma pequena história que acabei de inventar

PENSANDO EM VOCÊ AGORA (MEUS DISCOS DE BLUES)

PENSANDO EM VOCÊ AGORA
sem nada para fazer
uma garrafa pela metade
outras vazias pelo chão
lembranças que vem e vão
acendo mais um enrolado
encho os pulmões de alívio
a cabeça começa a girar
ouvindo um rock rasgado
daquele grudento
pensando em você agora
o dia em que foi embora
ficou tudo revirado aqui
gavetas abandonadas
ninguém para brigar comigo
encho a cara com gosto
bebo até me esparramar
assim talvez cure esse desgosto
saber que você foi embora
e levou meus discos de blues
pensando em você agora
nos meus discos de blues

quarta-feira, 21 de junho de 2017

AUSÊNCIA

AUSÊNCIA
anoiteceu e eu aqui
observando as paredes
perdido no silêncio
envolto em dúvidas
pensamentos
você distante agora
o vazio que machuca
esse buraco no peito
sua ausência

PENSAMENTOS

PENSAMENTOS
no canto cansado encostado
inerte perdido longe daqui
vou assim batendo asas
levado sem reação
como se flutuasse
para outros lugares
antigas histórias velhas canções
prazeres de ontem
garrafas pela metade
mordidas na carne
beijos gozos profundos
ao longe aquela música
acompanhando como trilha sonora
o tempo que passa fugindo sem ser notado
nomes sorrisos rostos olhares promessas
desilusões...

FAMINTO

FAMINTO
agora vou lhe contar
porque lhe trouxe aqui
não precisa ter pressa 
ouça com atenção
enquanto acendo o fogo
pegue um pouco de lenha
foi assim quando a vi
pensei comigo mesmo
que tal convidá-la para o jantar?
quando a chamei achei que não aceitaria
fiquei imensamente feliz depois que disse sim
vamos afiar as facas lavar as panelas
preparar uma boa refeição é uma arte
que poucos sabem fazer
ainda mais se temos que matar o que vamos comer
esfregue bem os talheres
uma carne bem temperada é o que vamos ter
isso depois que terminar beba um pouco de suco
beba tudo e pode repetir
oh! pobrezinha desmaiou
vou ter que comer sozinho
afinal de contas tenho que matar minha fome

MORTE

MORTE
estou aqui chamando você
ouça meus lamentos
acabe com esse sofrimento
tire a dor que me consome
imploro a você
por séculos e séculos
castigo infernal
maldição sem fim
só você pode me dar paz
já não tenho alma
não tenho a mim mesmo
me arrasto ao seu encontro
e você foge de mim
imploro por piedade
morte desejo seu abraço
me entrego sem luta
sou seu para sempre
me leve com você

A CULPA É DO DEMÔNIO

A CULPA É DO DEMÔNIO
religiões disputando lugares santos
atentados em nome de deus
testes nucleares subterrâneos 
armas químicas contra multidões
repressão e vigilância
guerras destruindo países inteiros
e a fome matando milhões
políticos corruptos controlam governos
máfias infiltradas em toda parte
onde olhamos vemos o caos
desemprego miséria e xenofobia
enquanto brigamos eles ficam mais ricos
enquanto nos matamos eles têm mais poder
sacerdotes enriquecendo nos altares da dor
padres abusando da inocência
mães assassinando seus bebes
mulheres vendidas como escravas sexuais
policiais fazendo escoltas para traficantes
rios poluídos florestas incendiadas
esgotos a céu aberto doenças que se espalham
um mundo sem esperança
um mundo sem paz
nos livros sagrados nos dizem a verdade
todo esse mal é culpa é do demônio
a culpa é do demônio
do demônio e dos seus seguidores
infiltrados aqui e ali
religiões disputando lugares santos
atentados em nome de deus
padres abusando da inocência
a fome matando milhões
desemprego miséria racismo
e nos dizem que a culpa é do demônio
a culpa é do demônio

MORRER MAIS UMA VEZ

MORRER MAIS UMA VEZ
tiros de canhão ecoam bombas caem
metralhadoras cuspindo a morte sem parar
corpos vão ficando para trás 
feridos gritam suas dores
tanques avançam esmagando tudo a sua frente
o sangue jorra em toda parte
mais um dia mais uma batalha
mais um dia mais uma batalha
mais um dia e a morte cavalga vitoriosa
prisioneiros executados essas são as ordens
aqui não há lugar para compaixão
covardes morrem antes de lutar
e tudo isso para que uns poucos
façam suas trapaças
enquanto marchamos manipulados
para morrer mais uma vez
morrer mais uma vez
morrer morrer morrer
morrer mais uma vez
por eles morrer mais uma vez
mais uma vez

terça-feira, 20 de junho de 2017

MEUS OLHOS

MEUS OLHOS
onde está você agora?
histórias que se cruzam e separam
vidas marcadas cicatrizes 
no peito um aperto que não passa
e uma paixão que me consome
na escuridão procuro a luz
sabendo que não há escapatória
sabendo que estarei aqui de novo
sabendo o que eu sei
o que não queria saber
tateio seguindo as paredes
sentido o caminho com as mãos
onde está você agora?
dúvidas que sufocam perguntas sem resposta
angústia apertando sem parar
ouço risos ao longe risos que me atraem
em seguida o silêncio
silêncio que atormenta o espírito
passos tortos desconexos
vozes em toda a parte e o medo que cresce
onde está você agora?
meu mundo é escuridão
trevas infinitas castigo permanente
nada posso fazer assim perdido em mim mesmo
nada posso fazer entendeu?
gritos de todos os lados gritos em toda parte
demônios me acompanham
posso senti-los murmurando coisas
coisas que não entendo segredos do inferno
desse inferno escuro onde estou
nessa escuridão amaldiçoada
aprisionado sem meus olhos
sem meus olhos
meus olhos

segunda-feira, 19 de junho de 2017

COISAS

TEMPLOS DE PEDRA
dizem que o fim está próximo
dizem que o mundo vai acabar
dizem muitas coisas 
e nos templos de pedra
zumbis procuram a salvação
marionetes gritam ao céu
bonecos se contorcem no chão
eu aqui um estranho
marcado pelos olhares dos donos
do mundo
meu corpo marcado pelo tempo
e nas encruzilhadas velhas maldições
diga o que deseja
mostre sua face
tire essa máscara
você já sorriu de verdade algum dia?
longe dos curiosos coisas são vendidas
coisas são compradas consumidas
e no mundo das coisas
somos emfim coisificados
milagres em promoção
você pode salvar sua alma
e ter um pedacinho do céu

SÓ UM ESPÍRITO

ESPIRITO QUE VAGA
você finge não me ver
finge que não existo
que não estou aqui
mentiras que lhe deixam bem
lhe deixam seguro de si
e nos espelhos verdades aprisionadas
do meu canto canto minha dor
faço poesia com o sofrimento
melodias enchem o ambiente
mas você não vê o que eu vejo
seu mundo é pequeno demais para a realidade
invisível sigo sem lugar para ir
mesmo sabendo que atrás de cada porta
pode haver alguém esperando pela luz
esperando um abraço
talvez um cadáver se decompondo
esquecido pelos vivos
ignorado pelos mortos
antigas canções ainda são lembradas
bocas se beijam e desejos realizados
uma voz pergunta do amor que acabou
enquanto uma lágrima escorre
por um rosto cansado
o que posso fazer por você hoje?
apenas feche os olhos por um momento
e sinta a minha presença
feche os olhos e sinta
este espírito que vaga
até que nada mais tenha importância

SOLUÇÃO FINAL (UM POEMA DO DESENCANTO)

SOLUÇÃO FINAL
desesperados fingem sorrir
fingimos estar em paz
e o medo nos impede de seguir 
olhe para trás o que você agora?
das janelas somos observados
cartazes anunciam que o paraíso chegou
um mundo novo a nossa frente
documentos sem valor
dogmas espalhados na mesa
dogmas como alimento
marchamos felizes nessa ilusão
carro novo e grana no banco
nas noites soltamos nossos bichos
corpos que se consomem
prazeres momentâneos
até que chegue a nossa
solução final

PRISÕES

NOSSAS PRISÕES
não sei o que dizer
as palavras perdem o sentido
nada é como antes 
ao redor corpos caídos
mentes desconectadas
bonecos perambulando pelas ruas
sentimentos congelados
esquecidos em algum lugar
e dúvidas que se acumulam
o medo em todos os olhares
em cada esquina uma explosão
nas igrejas corações vazios
orações mecânicas
eu me arrasto buscando fugir
buscando me encontrar
destroços do ontem projetam o futuro
escondidas em seus buracos crianças choram
batalhões de estranhos se enfrentam por nada
e no abismo esqueletos se avolumam
ossos a beira dos caminhos
estradas que nos levam a lugar nenhum
zumbis procuram desesperados por uma pouco de vida
quero gritar e o grito não sai
chaminés mataram o sol
estrelas mortas continuam no céu
solidão caos medo e dor
sonhos não existem mais
ao redor apenas grades e muros
grades e muros
quero gritar e o grito não sai
esqueletos se avolumam
corpos caídos
lágrimas aqui e ali
o medo em todos os olhares
e a fome que não cessa
assim continuamos cada um ao seu jeito
tentando sobreviver em nossas prisões
tentando sobreviver mais um dia
mais um dia em nossas prisões
nessas prisões em que aceitamos viver
sonhos não existem mais
agora apenas solidão caos medo e dor
e você ainda está contra mim
você me vê como inimigo a ser batido
nossas prisões...

VENHA

QUANDO O SOL VIER
siga-me sem medo
pegue minha mão
venha 
a escuridão não dura
para sempre
lágrimas um dia param de cair
até mesmo entre os espinhos
nascem flores
quando o sol vier novamente
porque ele sempre vem
tudo ficará em paz
pegue em minha mão
venha

APENAS UM

NAS SOMBRAS
sinta a minha dor
ouça os gemidos
correntes que arrasto 
anjos caídos castigos
perdição
vago assim esgueirando
pelos corredores sem fim
assombrado assombro
e nas sombras me procuro
agora vejo tudo
não há mais ilusões
mentiras não causam mais dor
e ador é a minha única verdade
escute meus lamentos
sinta minha presença
sou eu dentro da sua cabeça
seus segredos desvendados
desejos decifrados
sua alma nua sem máscara
esse seu calor me conforta
sua carne me atrai
vem comigo
larga tudo agora
deixe que eu lhe mostre
sacie a sua fome
desperte a mente
se entregue sem culpa
nas sombras seremos
apenas um

AGONIA

AGONIA
solidão
eu aqui sem saber
sem coragem
fujo da luz me escondo
e mesmo na escuridão
não tenho paz
aflição
meu corpo dói
a mente divaga
ilusões verdadeiras
alucinações
filmes reprisados
histórias que se repetem
meus gritos e a sua surdez
nesse canto maldito
esquecido quero esquecer
mas essa maldita agonia
não deixa
e a minha mente
divaga entre a dor
e a felicidade
enquanto mastigo a minha própria carne
coisa que não dá para explicar

MORRER

MORRER
dias que passam
verdades soterradas
amores perdidos 
e a vida assim não vivida
gritos que alcançam o céu
pesadelos constantes
lágrimas caindo em todos os cantos
em todos os lugares solidão
paixões doentias que nos devoram
palavras perdendo significado
vícios que nos consomem
criaturas que devoram o criador
o tempo passa sem se importar
relógios na parede
igrejas e pecados
passos lentos sem volta
risos falsos
corpos que se jogam em precipícios
minha boca faminta a sua procura
seu cheiro em minha carne
dia após dia noite após noite
faça chuva e faça sol
carteiras vazias
e a cada esquina
a única certeza é que vamos todos
morrer

domingo, 18 de junho de 2017

UM BLUES

APENAS UM BLUES
no silêncio das madrugadas frias
frias de doer na alma
nessas madrugadas a saudade vem
e quando vem sempre trás com ela
apenas um blues
aquele blues apertado
cuspido do coração
que me obriga a abrir uma garrafa
enquanto que as lembranças pulam
para fora
lembranças que jamais se apagam
apenas um blues agora
um blues e minhas lembranças
que fazem sentir você agora
poderia dizer tantas coisas
muitas bobagens e arrependimentos
mostrar a minha dor
canções cantadas juntos
agora aqui eu e uma garrafa
uma garrafa quase vazia
que ainda tem o gosto do porre
da noite passada
pensando em você ouvindo
apenas um blues

AS PEDRAS QUE ROLAM

QUANDO AS PEDRAS ROLAM
caminhos tortuosos a vida tem
as vezes pensamos em desistir 
parar e sentar a beira do caminho
esperando o tempo passar 
e nos deixar em paz
apenas o horizonte a nossa frente
e um gosto amargo na boca
pois é velho sei bem o que estou dizendo
é quando as pedras rolam
e a gente não pode ficar parado
marcando touca
já me disseram que jacaré que dorme
vira bolsa
é quando as pedras rolam
fazendo o mundo girar
rolam tirando tudo de lugar
quebrando barreiras
chacoalhando cabeças vazias
batendo na sua porta
dando porrada na mesmice
chutando bundas gordas
é quando as pedras rolam
passando por cima da gente
mostrando que lá fora ainda existe o sol
apesar da noite e da chuva
dessa falta de amor que existe por ai
porque jacaré quando dorme vira bolsa
porque a vida foi feita para viver
é quando as pedras rolam
que tudo fica fora de lugar
e a gente se encontra
yaahh

A FESTA

NA ESCURIDÃO
é no fundo da alma que escondemos
nossos temores
lá escondidos longe dos outros 
longe da verdade que incomoda
essa verdade que incomoda
mas quando a luz se vai
a segurança desaparece também
e nos corredores da mente
velhos fantasmas criam vida
o coração dispara
você sabe bem porque
porque na escuridão nossos demônios
saltam sedentos para fora dos seus buracos
querem libertar nossos medos
e assim brincar com nossas almas
brincar como crianças no parque
usar o que tememos para conseguir
bem você sabe o que
não preciso dizer porque a hora da verdade
enfim chegou para mim e você
para todos nós
é na escuridão que todas as máscaras caem
e os monstros tomam conta da gente
 ouça os risos sinta o chamado
já começou
venha dançar comigo
sinta meu corpo junto ao seu
minhas mãos acariciando sem culpa
lábios famintos procurando os seus
é na escuridão que as máscaras caem
que os monstros tomam conta de nós
venha a festa já começou
vamos brincar então

O QUE IMPORTA

SANGUE E NADA MAIS
sua boca mordendo meus lábios
o calor queimando suas entranhas
esse fogo ardendo em minha alma 
línguas grudentas alucinadas
mãos que apertam e puxam
meu corpo seu corpo
movimentos violentos
o prazer que vai e vem
e no final de tudo
o que importa é o sangue e nada mais

ELES NOS CHAMAM

O CHAMADO
gritos cortam a escuridão
atravessam paredes
invadem meu coração
gritos insanos
gritos profanos
que se repetem noites sem fim
séculos e séculos
e no turbilhão dos meus
pensamentos
ouço o chamado
o chamado
sim eles me chamam
preste atenção
ouça o chamado
que vem de longe
dos quatro cantos
dilacerando
buscando alcançar
quem os ouça
quem lhes dê atenção
clamam os gritos
o chamado veio nos buscar
sim eles nos chamam

A LUA

A LUA CHEIA CONTINUA LÁ
ontem passamos por aqui
foi quando beijei seu pescoço 
ali naquelas pedras sobre a relva 
as estrelas olhando lá de cima 
os nossos sonhos de amor
desejos sabor de mel
e você brincando em cima de mim
brincando comigo
eu em você olhos nos olhos
meu gosto em sua boca
e sua boca me engolindo
assim ali naquelas pedras
nós dois sobre a relva
hoje a lua cheia continua lá
só você que não está
apenas pegadas e nada mais

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Thoth (Djehuty), deus das escrituras, guardião do Olho de Hórus, criador das palavras, escriba dos deuses e grande escritor do universo.

O Olho de Hórus, o que tudo e a todos vê.