"A dor é dona da sabedoria e o saber amargo. Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade fatal." - Lord Byron
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
O Caolho Bucaneiro
O Caolho
O caolho observa do seu canto,
Segurando a taça de vinho com uma das mãos,
A morena que por ele passa.
Com o seu único olho,
Segue o esplendor daquele roliço corpo de pele dourada,
Desejo por quem seu coração se agita em disparada.
Quando ela por ele resvala,
Sente por inteiro o perfume que seu lindo corpo exala,
Em contraste com o seu cheiro de marinheiro,
Que tem preso ao corpo o odor do oceano inteiro.
Cofiando a longa barba,
Entorna o vinho tinto pela garganta,
Sem, no entanto,
Perder de vista os quadris da razão do seu encanto.
Chamando a mulher com um sinal,
Pede ele mais uma taça de vinho,
Imaginando-a despida de todo aquele linho.
O caolho que me causa espanto,
Pelas agruras do mar judiado,
Agarra a mulher acochando-a no canto,
Mesmo assim tão feio,
Um tanto afobado,
Beija a morena sem nenhum rodeio.
A mulher desejada,
Sem se fazer de moça rogada,
Corresponde ao sujeito,
Fazendo-lhe carinho em sua barba.
Com seus grandes olhos escuros,
Ela fita aquele único olho,
E com um sorriso malicioso,
Beija novamente o caolho.
Abraçando-a fortemente,
Aquele estranho viajante,
E a mulher que mais parece uma cigana,
Agora formando um casal,
Somem dali indo para o quarto dela,
Para saciar seus desejos numa cama velha.
De minha mesa, protegido pela sombra,
Não acreditei em tal cena,
Como pode uma mulher assim tão bela,
Entregar-se aos caprichos de um sujeito daqueles modos,
Que a trata bruscamente como a uma "cadela".
Pois o sujeito, muito mal vestido,
Pela reação do dono da taberna,
Parecia ser mais que um simples marinheiro,
Aquele caolho fedorento,
Depois fiquei sabendo,
Era um pirata, assassino dos sete mares,
Um legitimo corsário,
Bandido bucaneiro.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pesquisar na web
Pedaços Arquivados
-
►
2019
(118)
- dezembro (7)
- novembro (16)
- outubro (23)
- setembro (18)
- agosto (13)
- julho (28)
- abril (11)
- março (2)
-
►
2011
(27)
- novembro (2)
- setembro (2)
- agosto (2)
- julho (2)
- junho (5)
- maio (4)
- abril (1)
- março (4)
- fevereiro (3)
- janeiro (2)
Pedaços espalhados por aqui...
Postagens populares
-
SANGRIA O sangue esparramado O sangue que se esparrama A mancha de sangue que não sai O sangue que sempre mancha As mãos sujas de sangue Das...
-
O gato preto Pelo quintal corre o animal, Brincando com o camundongo quase morto, Mia e pula o bichano, Apertando e mordendo o pequeno corpo...
-
Vou contar como é o meu mundo Agora vocês vão sentir Conhecer o que se passa na escuridão Nos cantos abandonados pela luz O cheiro d...
-
O vírus devora o tempo Consumindo a vida, Destruindo sonhos e Matando relacionamentos. O vírus atravessa a escuridão Apagando...
-
O CORVO No bico do corvo, Alma aprisionada pelo agourento Pássaro negro, Filho alado da desgraça, Da aflição que sua presença Me causa, Voa ...
-
A lâmpada queimou. E queimada, atrapalhou a minha vontade de ler. Deixou-me, essa “coisa morta”, tateando na escuridão. não posso , por culp...
-
Indo embora Caminho pelo silêncio atravessando a escuridão Não sei o que vou encontrar Minhas dúvidas não me deixam enxergar Sigo firme pelo...
-
"O homem é o pior e o maior inimigo de si mesmo" Olhou na direção do muro cinzento protegido por uma longa fileira de arame farpad...
-
Está presa a poeta e jornalista Angye Gaona. O Estado colombiano quer calá-la para manter a obscuridade genocida. Angye Gaona, poetisa e com...
-
Bombardeios De repente soa o alarme Pânico Os caças sobrevoam nossas Cabeças Dos seus assentos Os pilotos disparam a Morte Mísseis destroem ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário