
Meretriz (uma ilusão)
Pela casa de madeira a velha triste se arrasta,
Cambaleante em seus passos de zumbi,
Mal vestida coberta de trapos passa o tempo
Jogando suas pragas ao vento.
Outrora mulher bela e desejada,
Da pele sedosa e perfumada,
Com os seios redondos e nariz empinado,
Agora um coração duro e o corpo murchado.
Com saudades recorda o glorioso passado,
Da época em que os homens endinheirados da região,
Pelos seus carinhos a procuravam,
E ela, soberba em sua beleza, para alguns sempre dizia não.
Dos muitos tostões que ganhou servindo de amante,
A vida de luxo e boemia a que estava acostumada
Dela tudo tirou.
No espelho de agora a verdade que machuca,
Reclamando solitária em seu sofrimento,
O peso terrivel em sua nuca,
Das dores e angústias que o cansado corpo sente,
Chorando calada pelo maldito presente,
Sabe a megera doente,
Prostrada num canto,
Que não lhe resta mais nada,
A não ser esperar pela morte em seu triste pranto.
Poema escrito em 03/01/2010 em Apucarana, Paraná, durante uma quente tarde de domingo.
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