
Eu
Fruto não quisto de um primeiro olhar,
Que do macho sedento ficou a fêmea a espreitar,
Dos encontros escondidos onde lindas palavras foram ditas aos ouvidos,
Enquanto mãos “furiosas” apalpavam os rijos seios,
Iniciando sem remorso o contato mais intimo,
Em que a mulher já conquistada se entregou sem receios,
Deitada na penumbra o recebeu em doces gemidos,
Sentido ela os movimentos repetidos da haste rubra dele oriunda,
Precipitando nela num fogoso instante o ejaculado liquido fecundo,
Que ela por dentro inunda,
De onde numa corrida sem platéia,
Cujo prêmio pela vitória foi-me dado o óvulo profundo,
Mais tarde, mergulhado naquela geléia, transformado em feto,
No útero alimentado, passado o tempo certo,
Das entranhas fui retirado,
Assim, depois de tudo isto, aqui estou eu agora,
Criatura por este mundo entristecida,
Daquela minúscula vida de outrora,
Carne pelos anos envelhicida,
Esperando paciente pela morte deste corpo doente,
Que no início era uma semente,
Para livre, enfim, deste inferno terrestre ir-me embora.
(Ilustração do Google.com)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBelo e corajoso texto, Rui!
ResponderExcluirVim ao google em busca de uma imagem para meu poema e adorei te conhecer, ler teus poemas...
Foi mesmo um grande prazer e já tornei tua página num meu favorito!
Paz e Luz ao coração!
FatinhaMussato