"A dor é dona da sabedoria e o saber amargo. Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade fatal." - Lord Byron
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
As chamas do Santo Ofício
As chamas do Santo Ofício (queimadas em praça pública)
Acorrentadas umas as outras,
Foram torturadas para confessar seus crimes,
Expiar seus pecados perante a Cruz do Sagrado Perdão,
Olhares lascivos caem sobre seus corpos seminus,
Lágrimas aqui não significam nada,
Entre os gritos de dor o som das chicotadas ecoa pela masmorra,
Saibam que o Santo Ofício não tem pressa para curar suas almas,
Enquanto o sangue escorre quente das carnes rasgadas sem piedade,
Os santos padres oram para que sejam perdoadas,
Nada mais importa somente a confissão,
Inocentes todos nós somos,
E o demônio espreita astutamente nossas fraquezas,
Não podemos permitir que a Palavra do Nosso Criador seja desrespeitada.
Blasfêmias foi o que disseram,
Espalharam suas heresias entre os servos ignorantes do Senhor,
Dançaram nuas sob o luar e se entregaram à Satanás,
Beberam vinho temperado com as ervas do inferno,
E escondidas na floresta a missa negra celebraram.
Agora devem pagar o seu castigo,
E na praça central do vilarejo as estacas estão a espera,
A multidão clama,
Sem tardar serão entregues ao suplicio,
As chamas benevolentes aplacarão suas angustias,
E assim libertas dos vícios da carne,
A Deus encontrarão agradecendo pelo martírio,
Porque só assim é que o bode infernal não terá mais poder sobre elas,
Pobres criaturas que se perderam nas tentações deste mundo,
Sim, eu sei que pode parecer terrível,
Sou um frade devoto, fiel cumpridor da Inquisição,
Mas tenham certeza, só assim essas almas terão a merecida absolvição.
(Ilustração do Google.com - mulheres acusadas de bruxaria são acorrentadas nas estacas onde serão queimadas nas fogueiras do Santo Ofício, tribunal eclesiastico criado pelo Vaticano para punir os hereges e crimes contra a fé católica.)
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
RATOS
Ratos
Os sinos tocam a distância,
E o céu cinzento chora sobre nós suas lágrimas frias,
Caminhamos em silêncio,
Em nossas mentes apenas velhas orações,
Seguimos assim pela solidão de nossas preces,
Mesmo sabendo que o futuro é incerto acreditamos que tudo será diferente,
Corpos sem vida vão ficando para trás,
Esqueletos que serão esquecidos.
Fechamos os olhos para a realidade,
Tentando esquecer da nossa responsabilidade,
Da omissão que sempre permite o caos assassino,
A covardia que nos transforma em ratos e nada mais.
O mundo é cada vez mais uma fábrica de miseráveis e doenças,
Os sinos tocam a distância,
E o céu cinzento chora sobre nós suas lágrimas frias,
Caminhamos em silêncio,
Em nossas mentes apenas velhas orações,
Seguimos assim pela solidão de nossas preces,
Mesmo sabendo que o futuro é incerto acreditamos que tudo será diferente,
Corpos sem vida vão ficando para trás,
Esqueletos que serão esquecidos.
Fechamos os olhos para a realidade,
Tentando esquecer da nossa responsabilidade,
Da omissão que sempre permite o caos assassino,
A covardia que nos transforma em ratos e nada mais.
O mundo é cada vez mais uma fábrica de miseráveis e doenças,
E ainda assim continuamos os mesmos.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
MALDIÇÃO
Maldição
Não sei mais o que fazer,
A escuridão está cada vez mais perto,
O machado da culpa repousa sobre mim,
Enquanto isto as portas do inferno se abrem a minha frente,
Pesadelos tomam conta da minha mente,
E os meus pecados rasgam-me a alma.
O demônio canta, sentado, suas vitórias sobre mim,
A morte agora não significa nada,
Porque apesar do fim da carcaça,
Sei que o meu tempo aqui não expirou,
Que mesmo sem a forma de antes continuarei por aqui,
Não sei mais o que fazer,
A escuridão está cada vez mais perto,
O machado da culpa repousa sobre mim,
Enquanto isto as portas do inferno se abrem a minha frente,
Pesadelos tomam conta da minha mente,
E os meus pecados rasgam-me a alma.
O demônio canta, sentado, suas vitórias sobre mim,
A morte agora não significa nada,
Porque apesar do fim da carcaça,
Sei que o meu tempo aqui não expirou,
Que mesmo sem a forma de antes continuarei por aqui,
Liberto da carne pegajosa e do pus purulento.
As lágrimas perderam o seu valor,
Assim como os inocentes deixaram de ser poupados,
As lágrimas perderam o seu valor,
Assim como os inocentes deixaram de ser poupados,
Soltando seus gritos de dor através do universo.
Nosso caminho está livre,
Sem qualquer tipo de restrição,
Até porque o seu ponto de chegada é um só,
A maldição de todos os séculos que nos aguarda,
O sangue que não sai de nossas mãos.
Nosso caminho está livre,
Sem qualquer tipo de restrição,
Até porque o seu ponto de chegada é um só,
A maldição de todos os séculos que nos aguarda,
O sangue que não sai de nossas mãos.
(Ilustração do Google.com)
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