"A dor é dona da sabedoria e o saber amargo. Aqueles que mais sabem, mais profundamente sofrem com a verdade fatal." - Lord Byron





domingo, 25 de junho de 2017

MUNDO CAOS E O ENIGMA DE FLORBELLA

MUNDO CAOS E O ENIGMA DE FLORBELLA


Rui Amaro Gil Marques



Ela estava deitada na banheira. A água morna cobria todo o seu corpo deixando escapar apenas os braços, que pendiam para fora recostados nos beirais.
Seu olhar, perdido no tempo e no espaço, focava o teto marcado pelo mofo e pela umidade. A boca aberta mostrava lindos dentes brancos em contraste com a língua roxa, que parecia querer escapar da garganta.  A pele branca se contrapunha com a sombra que cobria aquela cena, diga-se de passagem, digna de um clássico de suspense.
Sim, ela estava morta.  O sangue ainda brotava dos seus pulsos cortados. Caído não muito distante podia-se ouvir o celular chamando em desespero. Alguém tentava a todo custo falar com ela. Talvez impedi-la de cometer alguma loucura ou simplesmente uma de suas amigas querendo saber como foi o seu encontro da noite passada.
As horas passam sem dar a mínima para o que aconteceu a ela ou com quem quer que seja. Seguem seu ritmo como sempre fizeram mesmo antes do ser humano dividir o tempo e inventar os relógios na ânsia de controlar a vida.
O sangue escorria pelos pulsos usando os dedos como atalhos para chegar ao chão e  assim formar duas poças rubras marcando a presença da morte.
Roupas espalhadas e gavetas reviradas indicavam que alguém procurava por alguma coisa de valor. Sendo assim, pela lógica policial dos seriados tipo CSA, não teria sido um suicídio, mas sim um assassinato.
E se isso fosse comprovado quem seria, ou seriam, os principais suspeitos?  Que tipo de criminoso obriga a sua vitima a cortar os próprios pulsos e aguarda que ela morra lentamente enquanto revira seu apartamento?
Sobre a mesa uma garrafa de vinho tinto seco e duas taças pela metade, intocadas.  Ela não estava sozinha. 
Vamos imaginar que o assassino ou a assassina seja alguém que ela conhecia. Uma pessoa de quem ela confiava. Alguém muito próximo. Um amigo, amiga, um caso amoroso ou apenas mais um desses relacionamentos sexuais sem envolvimento afetivo mais intenso. Ou, para irmos além em nossas suposições talvez um cliente?
O fato indiscutível é que a linda mulher estava morta, seu corpo nu numa banheira e os braços estendidos para fora com os pulsos cortados por onde a vida lhe escapou.
Do outro lado da cidade um jovem enrola um baseado (cigarro de maconha) enquanto ouve com seus amigos uma seleção de músicas do Pink Floyd (uma banda de rock progressivo da Inglaterra).  Todos se concentram nas notas musicais viajantes de The Dark Side of the Moon sem se preocupar com o caos do mundo moderno.  

Sirenes tocam avançando sinais e bêbados vomitam pelas calçadas. Nas esquinas garotas e garotos  marcam presença junto a um grupo de prostitutas semi nuas que se oferecem para possíveis clientes ávidos por sexo e o que mais aparecer noite a dentro.

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O primeiro escritor que deu nome a tudo e criou o universo com as palavras.

O primeiro escritor que deu nome a tudo e criou o universo com as palavras.
Thoth (Djehuty), deus das escrituras, guardião do Olho de Hórus, criador das palavras, escriba dos deuses e grande escritor do universo.

O Olho de Hórus, o que tudo e a todos vê.