No coração da tribo
No centro da aldeia o pajé conta suas histórias,
Acendendo o cachimbo, dando longas baforadas,
Fala de épocas passadas,
De lendas, batalhas e vitórias.
Os curiosos curumins sentados à beira da fogueira,
Ouvem tudo com preciosa atenção,
E os mais velhos saudosos recordam aqueles tempos em que a tribo era uma grande nação.
Épocas remotas sem o homem branco e sua ambição,
Que com ela trouxe as armas da morte, suas pestes, mentiras e escravidão.
Agora, sua cultura em frangalhos depois de ser violada, dela quase não se sabe mais.
O espírito sagrado da floresta, Tupã seu protetor, dos seus corações pela força dos homens da cruz foi arrancado. E no vazio que ficou um deus estranho pelos brancos foi colocado.
A miséria é tanta que até os mais jovens sentem vergonha de ser índio. Querem fazer as coisas do jeito que os brancos fazem.
Olhando ao redor o pajé triste fala,
Que nestes tempos de desolação,
A tribo não tem mais lugar neste mundo mudado,
As florestas vão sendo derrubadas,
Cercas de arame são fincadas,
Os animais desaparecem,
Pelos fazendeiros vão sendo aniquilados,
Para o gado que dá dinheiro aqui poder pastar,
E nas terras que antes eram nossas a soja vai tomando o lugar,
Desconsolado outro fala enquanto se levanta,
Que o futuro da tribo é só de aflição,
Não temos mais Tupã e os espíritos da mata,
Que antes nos davam sua proteção,
Hoje só a arrogância dessa gente de gravata,
Se dizendo amigos do índio,
Nos humilham e maltratam.
(Ilustração do Google.com)
Os verdadeiros "donos" da terra.
ResponderExcluirParabéns pela escolha do texto.
Adorei seu blog..