
Insanidade
Olho para trás;
Além das pegadas,
Vejo portas fechadas,
Janelas arrombadas.
Olho com atenção,
Percebo olhares estranhos,
Rostos conhecidos, retorcidos,
Corpos nus,destorcidos,
Causas perdidas. Sinto a clava forte,
A força bruta do animalesco
que há em mim,
O desejo contido de destruição, tentando quebrar as correntes,
Encontro as marcas perdidas, esquecidas, as feridas abertas,
A carne apodrecida, o sangue coagulado, o liquido purulento.
Observo os caminhos de ontem, tortos de minha loucura, da falta de Deus,
A amplitude de minha inconseqüência deliberada,
O prazer dos sofrimentos que causei.
Fico imóvel,
Paralisado ante as visões perturbadoras,
Que vão se transformando em vida, a minha vida!
Tentando dominar a razão. Símbolos esquecidos vêm à tona,
Fantasmas saem das sepulturas,
O riso de meu pai,
A voz da consciência,
Chicoteiam-me a alma estarrecida.
Da escuridão, lá do fundo, dos labirintos do meu intimo,
Do ser que escondo, em sua forma de criança, surge o meu castigo, o sinal de minha desgraça derradeira.
Quanto mais observo,
Mais o medo se fortalece,
O horror salta-me aos olhos. Os desejos que assassinei,
Ressuscitam, clamam, todos, pelos seus pedaços de vingança,
Voltam-se irados contra a própria carne.
Em minha boca,
O gosto de sangue,
do meu próprio sangue,
Derramado para lavar os pecados de minha alma.
A dor do sacrifício,
A agonia do esquecimento,
A prisão que me enlouquece.
Das mulheres que possuí,
Surgem, agora, os demônios
famintos,
Do sémem derramado pelas muitas paixões,
Nasce a fúria do meu fim,
Da insanidade que me domina.
A face viva de minha morte !
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