sempre
entro
no silêncio de teu quarto meio escuro,
vejo-te, assim ,linda e tentadora como
sempre esteves.
deitada , séria e muda sobre a cama branca,
toda de branco vestida, com os olhos
azuis parados,
observa a grandeza do universo .
sua pele pálida e os perfeitos lábios
roxos,
as mãos sobre o pequeno peito cruzadas,
não respiras, há muito bem sei,
mas mesmo assim, ainda mereces do corpo
meu,
o calor.
antes que, pelas mãos da morte, sejas
desfigurada,
minha paixão, mulher amada, teu corpo gélido não me
assusta, ao contrário, sinta o forte
abraço meu,
neste último momento, o meu sexo sobre
o teu.
é chegada a hora derradeira, lá fora, a
tua espera,
a cova aberta está.
logo, sob alguns palmos de terra,
descansarás.
e com a tua carne apodrecida, minha
querida, a fome dos
famintos necrófilos, vermes malditos,
saciarás.
fica neste meu soneto que, para alguns,
escabroso é, até horrível
mesmo, a minha última declaração de
amor.
as minhas lágrimas, derramadas pelo
sofrimento de tua falta,
a dor de nada poder fazer em teu favor,
portando, fica aqui registrado contra
a vontade dos hipócritas,
o quanto, em vida, de todas as maneiras,
gozamos com prazer
dos sentimentos, das palavras e da
carne que nos pertenceu.
logo, não sei quando, estarei contigo
e, novamente, como
quiseres, serei teu !
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