
As chamas do Santo Ofício (queimadas em praça pública)
Acorrentadas umas as outras,
Foram torturadas para confessar seus crimes,
Expiar seus pecados perante a Cruz do Sagrado Perdão,
Olhares lascivos caem sobre seus corpos seminus,
Lágrimas aqui não significam nada,
Entre os gritos de dor o som das chicotadas ecoa pela masmorra,
Saibam que o Santo Ofício não tem pressa para curar suas almas,
Enquanto o sangue escorre quente das carnes rasgadas sem piedade,
Os santos padres oram para que sejam perdoadas,
Nada mais importa somente a confissão,
Inocentes todos nós somos,
E o demônio espreita astutamente nossas fraquezas,
Não podemos permitir que a Palavra do Nosso Criador seja desrespeitada.
Blasfêmias foi o que disseram,
Espalharam suas heresias entre os servos ignorantes do Senhor,
Dançaram nuas sob o luar e se entregaram à Satanás,
Beberam vinho temperado com as ervas do inferno,
E escondidas na floresta a missa negra celebraram.
Agora devem pagar o seu castigo,
E na praça central do vilarejo as estacas estão a espera,
A multidão clama,
Sem tardar serão entregues ao suplicio,
As chamas benevolentes aplacarão suas angustias,
E assim libertas dos vícios da carne,
A Deus encontrarão agradecendo pelo martírio,
Porque só assim é que o bode infernal não terá mais poder sobre elas,
Pobres criaturas que se perderam nas tentações deste mundo,
Sim, eu sei que pode parecer terrível,
Sou um frade devoto, fiel cumpridor da Inquisição,
Mas tenham certeza, só assim essas almas terão a merecida absolvição.
(Ilustração do Google.com - mulheres acusadas de bruxaria são acorrentadas nas estacas onde serão queimadas nas fogueiras do Santo Ofício, tribunal eclesiastico criado pelo Vaticano para punir os hereges e crimes contra a fé católica.)