Veio e trouxe com ele a corda,
Com carinho, lentamente faz o nó,
Procura entre todos, o galho mais alto,
Num golpe preciso, jogou- a pôr cima,
acertando o alvo.
Olhou ao redor, apenas o medo e a consciência o observam, ambos calados.
Arrumou com extremo cuidado, a cadeira improvisada,
Subindo nela, levou o único bem que é seu.
Com a outra extremidade, faz o laço de sua angustia;
Ouviu o medo, ouviu a consciência, não deu- lhes atenção.
Pôr um breve momento, pensou em alguém, alguém que partiu,
Do alto de seu cadafalso, pôs o laço no pescoço.
Prendeu junto a ele todos os sofrimentos,
Tratou, o rejeitado, de fazer sua última oração,
Falou ao Bom Deus, das mágoas que o afligem,
Da vida que não é vida, do amor que acabou, da liberdade que não existe.
Parou, por um instante pensou em desistir, mas num golpe violento, chutou tudo;
A consciência, o medo, as lembranças e o coração.
Deixou, no lugar do adeus, apenas a corda, a cadeira e o corpo pendurado abandonado pela vida.
Foi embora sem dizer uma palavra aos seus,
Hoje, desse poeta da tristeza, sobraram apenas o livro de poemas, a caneta cansada sobre a mesa, o tinteiro pela metade, o quarto sombrio, a mesa do bar e a sepultura esquecida. Chegou ao fim de um conto escrito sem a tinta da alegria, Sem a compreensão dos injustos,
Abraçou a morte.
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