Olhei-me no espelho agora
Agora o reflexo me assusta
Vejo a minha frente um rosto calado
Um olhar fixado
Algo perdido no tempo
Neste tempo do agora que não passa
Um rosto carrancudo
Cansado
Lábios que tremem
Apertando o grito para que não saia
Acordando túmulos
Levantando corpos esquecidos
Poços vazios sem almas
Assustado com a visão
Atirei essa fria janela ao chão
Quebrando-o em vários pedaços
Mas mesmo assim continuo refém da culpa
Que por séculos consome-me o coração
Malditos sejam aqueles que me acusam
Hipócritas que se escondem nas sombras dos meus erros
Covardes que não assumem sua humanidade
Querendo a todo custo serem deuses
Desgraçados que castigam os miseráveis através da fome e da prepotência
Parasitas que transformaram o mundo naquilo que as suas religiões do medo
Chamam de inferno.
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