O CORCUNDA
o corcunda desce a rua esburacada,
mancando apressadamente, segue pelas vias
apertadas.
o calor intenso aquece o ar que o sufoca, mas
assim mesmo, com toda à pressa, vai o homem
atropelando outros homens, assustando as crianças, sendo motivo dos risos hipócritas.
entra à esquerda, olha para trás, vira à direita, para um pouco e continua novamente.
o corcunda, pessoa estranha, assim parece aos olhos dos diferentes, passa pelas “mulheres da vida”, pêlos bêbados caídos, foge dos vira-latas,
sobe as escadarias, cumprimenta as velhotas.
anda, para e descansa, levanta e aperta o passo,
desce as escadarias.
o pobre homem, cansado e suado, enfim chega em casa. pega a garrafa de Oncinha e com um gole apenas, mata a sede que o acompanha.
senta perto de sua janela e olha o fim de mais
um dia. então, mais uma vez, pegando a garrafa, queima a garganta com outro gole de sua humilde alegria.
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