UMA FLEXÃO SOBRE A MORTE E OS LIVROS NA ESTANTE
Hoje, mais um dia. Às vezes me pego pensando nisto: A
companhia da morte. Muitos e muitas têm
receio de refletir sobre este assunto. Existe desde que o homem se compreendeu
separado da natureza, um receio quase que sagrado em falar da morte. Apenas o
pronunciamento dessa palavra já tem gente que faz o sinal da cruz, torce o
nariz e até mesmo que sai do recinto, do local.
Mas também existe de maneira subliminar certa adoração da
morte. Podemos constatar isto ao vermos e até mesmo participarmos de
celebrações em homenagem aos que já nos deixaram aos que se foram, os que a morte
tirou de nós. Até mesmo quanto mais
fazemos de conta que ela não é assunto nosso, que jamais seremos tocados por
ela, podemos sentir os seus olhos nos observando, seus passos nos seguindo, os
seus sinais.
A morte já nasce conosco. De várias maneiras podemos ter o
seu abraço, de forma natural por causa da idade avançada, acometidos por
problemas de saúde, acidentados, assassinados e por fim, no caso onde o
desespero fala mais alto que a razão e o medo da morte: o suicídio.
Olho para as estantes na sala contando cada livro que se
encontra repousando, às vezes esquecido, sobre suas prateleiras. Livros que
comprei com dedicado esforço. História Geral, filosofia, sociologia,
comunicação, política, economia, ciência, tecnologia, religião, biografias,
poesia, prosa, versos, romances, ficção cientifica, aventuras, mistério,
psicologia, terror...
Para quem vou deixa-los?
Aproveito para deixar aqui um poema meu intitulado de A Morte:
Um Soneto Melancólico. Espero que curtam.
SONETO MELANCÓLICO

A morte observa por cima do muro,
Ouvindo pensamentos através das paredes,
Do concreto, dos dias que passam e não voltam.
A morte observa,
As flores na primavera,
As folhas que caem no outono,
Os amores perdidos
E os sonhos dos adolescentes.
Ela aprisiona cada minuto que perdemos,
de nossas vidas, deixando de vive-las.
Ela, simplesmente, não consegue perdoar.
Ela deixa as suas marcas profundas nos que ficam.
A morte observa cada palavra, cada letra deste
soneto melancólico.
Observa calada o tempo passar e o encontro
dos ponteiros,
Leva os momentos felizes, marcando o ponto final
de nossas vidas,
O The End de nossos dramas cotidianos,
Tornando cinza o arco-íris...
Para ler mais: www.contosdorui.blogspot.com